domingo, 29 de dezembro de 2013

Trilhas e felicidade

A vida pode ser uma trilha ou estrada, um caminho a percorrer.

Muitas vezes estamos nele sozinhos, descobrindo a melhor forma de continuar, andando à direita ou à esquerda a cada encruzilhada, não sabendo o que nos espera adiante.

Outras vezes encontramos algumas pessoas que optam em nos acompanhar ou nos deixam acompanha-las em seus caminhos, pessoas que nos dão força, compreensão, ânimo e nos enchem de felicidade.

Trilharemos o caminho por muito tempo? Ninguém sabe. O importante é que nesse período de companhia tudo o que compartilharmos seja intenso e que isso nos traga a maior felicidade.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Um ano com altos e baixos

Estava pensando em fazer uma retrospectiva (apesar de não gostar delas), mas pensando no ano vi que ela começaria com um clima baixo astral por fatos ruins que aconteceram no começo do ano, passaria por momentos ociosos e modorrentos e terminaria feliz. Não seria fato forçado, neste dezembro Papai Noel foi generoso comigo, mas acredito que seria muito piegas e isso não é do meu caráter.

Então o que posso falar é que foi um ano de crescimento psicológico e de caráter, de um realinhamento interno e finalizou com uma boa dose de felicidade.

Tenho a agradecer às pessoas que fizeram parte de todo esse processo, de uma forma ou de outra elas influenciaram o meu trajeto neste ano, muitas ficaram pelas curvas da estrada e outras iniciaram sua jornada comigo. E só posso desejar que a vida lhes sorria e que a felicidade lhes bata à porta.


sábado, 14 de dezembro de 2013

A desolação de Smaug

Hoje fui ver o segundo filme de O Hobbit, A Desolação de Smaug. Já esperava enxertos que Peter Jackson faria no filme, principalmente usando os apêndices de O Senhor dos Anéis, dando explicações à ausência de Gandalf em parte da aventura de Bilbo. Por isso já adianto aqui, não espere fidelidade à obra de Tolkien e não fique revoltado com isso.


Ainda sou partidário que dois filmes cobririam o livro com tranquilidade, mas reconheço que a ação deste segundo filme prende o expectador na poltrona do cinema. Assim como As Duas Torres, este filme apresenta diversas mudanças que, aos olhos dos fãs, ficam parecendo aberrações. Fica até difícil falar sem escancarar os spoilers, mas o certo é que as cenas funcionaram, tanto no rio que deságua no lago onde fica a Cidade do Lago, onde encontram-se com Bard, quanto em Erebor.

Bard, aliás, está muito bem caracterizado, o homem que ajuda os anões, descendente do antigo Senhor da Cidade e é o melhor arqueiro entre os seus. Já Beorn, o troca-peles, em sua forma animal ficou muito boa, já na forma humana pareceu um pouco uma caricatura de pessoa. Confesso que teria que reler a descrição que Tolkien fez do personagem para uma comparação melhor.

A passagem na Floresta Negra ficou curta, dado o tempo do filme (cerca de 3 horas), poderia ser mais explorada, apesar de toda a situação claustrofóbica e do grande perigo que ali os anões enfrentam. O tempo entre os elfos da floresta também pareceu abreviado e pouco explorado.

Sabia que Jackson iria trazer Legolas para a trama, além de incluir uma personagem feminina entre os elfos, ambos ficaram desnecessários, dando uma impressão de que ambos foram fundamentais para que os anões cumprissem parte da jornada, talvez esse seja o maior pecado da adaptação.

Finalizando, Benedict Cuberbatch dá vida de forma esplendorosa a Smaug, com uma personalidade afiada, muito similar ao que Tolkien trás no livro. Talvez o grande nome, ao lado de Richard Armitage, deste filme.

São quase três horas de filme, mas vale a pena assistir na tela grande do cinema.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Aventuras na Pré-História

E a primeira fase das Graphics MSP chega ao fim. Depois de visitar Chico Bento, a Turminha e Astronauta, agora é a vez de Piteco ter uma história contada por um artista convidado, Shiko.


O artista paraibano foi extremamente feliz em utilizar um sítio arqueológico pré-histórico como base para criar a história, A Pedra de Ingá, que realmente existe e é um dos primeiros sítios onde foram localizadas inscrições pré-históricas na América do Sul. Mas não é só isso, aproveitando a ambientação, Shiko usa e abusa de lendas brasileiras para criar elementos para tornar a aventura mais fantástica ainda.

Pedra de Ingá

Em linhas gerais, a tribo de Lem, onde o herói vive com seus amigos, tem que se mudar, pois o rio que banha aquelas terras está secando, porém na véspera da grande migração, Thuga (eterna apaixonada pelo caçador e xamã da tribo) é raptada por uma tribo rival, cabendo ao herói a jornada pelo resgate. Acompanhado por dois amigos (Beleléu e Ogra), Piteco se aventura por terras perigosas, onde seres sobrenaturais definem o fracasso ou sucesso da empreitada, chegando ao clímax com um confronto mitológico na tribo dos homens-tigre.

Tudo isso narrado pela belíssima arte (ilustração e colorização) de Shiko, que nos presenteou neste dezembro com uma obra ímpar de sonho que deixa estampado no rosto um belo sorriso ao final da leitura. E as surpresas continuarão em breve.


domingo, 8 de dezembro de 2013

33 anos sem Lennon

Estava pensando, queria escrever algo, aí alguns assuntos passaram por minhas ideias, afinal ontem foi aniversário de 72 anos do ataque de Pearl Harbour, quando os japoneses fizeram os EUA entrarem de vez na II Guerra Mundial. Também pensei em começar uma série de posts (que virão no futuro) e que não vou antecipar o tema, mas agora fui lembrado que hoje é um triste aniversário. Há 33 anos John Lennon nos deixava, era assassinado de forma estúpida por um lunático.

Lembrar a vida do Rapaz de Lugar Nenhum, que foi um dos maiores músicos que o Mundo já viu, formando uma das mais cultuadas bandas de rock, é chover no molhado. Um homem que abandonou todo o seu trabalho por amor, fazendo com que a grande maioria dos fãs até hoje execrem Yoko, como a principal causa do fim dos Beatles. Não vou dizer que sou dos mais exagerados, mas não gosto dela, assim como quase todos.

Mas a reflexão que se deve fazer é sobre uma das bandeiras de Lennon, sua jornada pela Paz. John ao longo da carreira, conhecendo o que conheceu, tornou-se militante do pacifismo, fazendo campanhas para que o homem parasse de se matar de forma insana por motivos absurdos e passassem a buscar juntos um mundo melhor.

Com toda sua militância, acredito que hoje, vendo os mais absurdos exemplos bélicos produzidos em todos os cantos do mundo, Lennon estaria desgostoso com a vida, talvez isso o empurrasse a intensificar seu trabalho, criando novas e poderosas canções pacifistas, ou mesmo livros e discursos cujo objetivo seria disseminar a Paz. Devaneios, sim, mas numa semana onde morreu Nelson Mandela, um outro grande nome da humanidade, pensar no Beatle e sua contribuição (efetiva e imaginária) para o pacifismo e reconfortante.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Pra não dizer que não falei do Sorteio da Copa

A reta final para a Copa de 2014 se aproxima, hoje aconteceu o sorteio das chaves, agora já se sabe quais seleções se enfrentarão na primeira fase, onde e em que horário. Algumas seleções lamentam a sorte e outros comemoram. Não tecerei comentários maiores, pois isso eu já fiz no meu outro blog.
 
Aliás, este post é para dizer que pensei em colocar um aplicativo com a tabela na lateral deste blog, mas não farei, toda e qualquer informação e opinião sobre a competição estará no outro blog, se possível falando abobrinhas após cada jogo, nada profissional, mas com muita cornetagem. E com isso a Copa acaba aqui, neste blog com este post.
 
 

domingo, 1 de dezembro de 2013

E dezembro chegou

Como é interessante a vida, tem dois anos que entra o mês de dezembro e eu faço um post sobre natal. Este ano eu não estou a fim.

Sim, eu continuo gostando do Natal, mas a cada ano que passa, com o comércio fazendo suas decorações cada vez mais cedo, a gente se desanima, ainda mais sabendo que o motivo dessas decorações é pura e simplesmente comercial. Vamos colocar uma árvore aqui, um Papai Noel ali e chamar os clientes para comprar as coisas.

O espírito natalino está perdendo a razão de ser, os reais motivos da festa (nascimento de Cristo, festejar a família) estão sendo relegados a segundo plano.

Mas, afinal, é dezembro, vamos encerrar outro ano, começar a preparação para uma grande viagem em 2015 e, para não perder o costume, Feliz Natal.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Semáforos criativos

Samba paulistano sempre me lembra de Adoniran Barbosa, para mim é a voz que eterniza clássicos da MPB como Saudosa Maloca, Trem das Onze e outras músicas que retratam a vida paulistana. Tá, talvez retratasse essa vida de algumas décadas atrás, mas ainda assim elas têm uma magia que é eterna.


Agora a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da capital paulista faz uma bela e criativa homenagem ao eterno Adoniran. Queira ou não, o paulistano comum passa pelo menos duas horas e meia ou três horas no trânsito da cidade (problemas de uma megalópole), então a CET resolveu adotar a imagem do cantor nos semáforos do bairro que mais se identifica com ele, o Bexiga.


Mas essa não é a única mudança nos semáforos da cidade, outros 12 pontos turísticos também tiveram os semáforos personalizados, algo que torna o trânsito da cidade pelo menos curioso. As mudanças são de caráter provisório, mas acredito que possam se tornar definitivas, enquanto isso, para quem está em São Paulo, vale a pena olhar com mais atenção aos semáforos para tentar identificar os semáforos que trazem imagens da cidade.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Novas adaptações a caminho

Aqui eu já falei sobre a fantástica série de graphic novels que a Maurício de Sousa Produções está lançando, com artistas convidados que imprimem seus estilos aos famosos personagens criados ao longo de meio século por Maurício de Sousa.

Já passaram por aqui Astronauta, A Turma da Mônica e Chico Bento, neste dia 20 de novembro chegará às bancas e lojas especializadas a edição de Piteco e com ela a primeira leva de revistas dessa série se fecha.

Porém a produção não terminará com essas edições, no FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) já foram anunciadas pelo menos mais seis edições, sendo quatro inéditas e duas que receberão novas visitas de seus artistas.

Serão lançados em 2014 e 2015 edições com A Turma da Mata (Greg Tocchini, Davi Calil e Artur Fujita), Bidu (Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho), Papa-Capim (Marcela Godoy e Renato Guedes), Penadinho (Paulo Crumbim e Cristina Eiko), Astronauta (Danilo Beyruth) e A Turma da Mônica (Vitor e Lu Cafaggi).

Abaixo imagens ilustrativas (não significa que as mesmas serão as capas das edições).







domingo, 17 de novembro de 2013

O Rock visto por uma lista

Listas. Sempre listas. Nunca as listas são unânimes, não importa qual seja a sua relação.
Assim é com 50 Fatos Que Mudaram A História Do Rock, mas o próprio autor reconhece isso e fala que alguns fatos estão ali porque se representavam propriamente, outros eram escolhas dele e que o leitor tinha todo o direito de discordar.


Não vamos entrar em detalhes técnicos sobre o que é pop e o que é rock, pois há nomes na lista que num olhar mais crítico não deveriam estar ali, mas isso é outra discussão. O fato é que a listagem apresentada por Paolo Hewitt tem realmente fatos importantes que direcionaram a trajetória do rock, ou pelo menos do mundo musical que orbita o estilo.

A volta de Elvis do serviço militar, os Beatles, os Stones, The Who, estão lá, assim como a Motown, Michael Jackson, Marvin Gaye e James Brown, o punk dos Sex Pistols e do The Clash, o grunge do Nirvana, enfim, nomes que possuem seu espaço no palco multiestelar do Rock.

São fatos que vão do surgimento de uma banda, passando pelo lançamento de um determinado álbum, até a morte prematura (ou não) de artistas. Fatos que balançaram a mídia mundial ao longo de 54 anos (o período avaliado compreende entre 1956 até 2009). Alguns chegaram ao Brasil outros não, porque na época em que surgiram as comunicações intercontinentais apenas engatinhavam, além do que muitas vezes o período dos ‘anos de chumbo’ trazia consigo a famigerada censura à imprensa, o que fazia com que parte dessas notícias sobre um estilo de música e de vida que não condizia com o que o regime governante aceitava para a família brasileira.

Enfim, listas são listas, mas esta, particularmente, trás algumas histórias preciosas para se entender um pouco mais sobre o Rock and Roll.


Influências Literárias

Acho que eu estou meio influenciado pela leitura das Crônicas de Fogo e Gelo (popularizado como Guerra dos Tronos por causa da série na HBO).

Acontece que eu olhei essa fotografia das ruínas de um castelo sobre um penhasco, localizadas na Alemanha, e pensei, poxa, dá um post legal. Afinal é uma imagem muito bonita e realmente sua mente começa a viajar atrás de detalhes e palavras para descrever o cenário em si.

A música rolando no som (eu gosto, me auxilia na inspiração) é Sir Paul McCartney e os Wings, eu olho e olho a imagem e o que eu imagino são personagens de George R. R. Martin, cavaleiros, foras-da-lei e todos os outros que circulam pelas terras selvagens de Westeros. Fiquei assim por bem uma meia hora, não havia jeito de mudar isso.

O resultado é esta reflexão e a conclusão que eu preciso acabar logo com os livros que faltam, para poder ler outro tipo de literatura fantástica e arejar a minha inspiração.

De qualquer forma, essa foto é muito bonita.


sábado, 16 de novembro de 2013

Selos de Harry Potter

Eu me lembro que na minha infância, adolescência até, quando a tecnologia não era tão comum como hoje, um dos hobbies mais comuns era o colecionismo. E colecionava-se um monte de coisas, mas o mais comum era figurinhas e selos.

Filatelia era levada muito a sério, ainda hoje o é, mas parece que hoje em dia o número de pessoas que se interessam por essa arte diminui. Bom, hoje foi divulgada uma informação que poderá até fazer com que algumas pessoas despertem seus interesses pelos selos novamente. O correio doss EUA divulgou que lançará em breve uma coleção de selos com imagens da série cinematográfica de Harry Potter.

Serão 20 selos acondicionados em livros que estarão a venda a partir de 19 deste mês.

Abaixo alguns dos selos da coleção.








sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A origem do Rock and Roll?

Desde que eu me interessei pelo Rock and Roll, por sua força, sua vibração, sua rebeldia, fiquei sabendo que a primeira música que foi intitulada como Rock havia sido Rock Around The Clock, de Bill Halley and His Comets, isso em meados dos anos 1950.


Agora estou lendo um livro chamado “50 Fatos Que Mudaram A História Do Rock” de Paolo Hewitt e me deparo com algumas controvérsias sobre a primeira música que seria realmente classificada como Rock.


A Primeira citada pelo autor seria Rocket 88 de Ike Turner, lançada no início da década de 1950. Música essa foi considerada a que iniciou a dinastia rebelde da música.


Porém nos anos 1940, duas músicas foram lançadas e elas também postulam ser o pontapé inicial das origens roqueiras. Uma é Cadillac Boggie de Jimmy Liggins & His Droops Of Joy.


A outra seria Good Rockin’ Tonight, de Roy Brown.



Bom, isso tudo não importa, é só mais uma das muitas polêmicas que envolvem o Rock and Roll, e convenhamos, essa é uma das pequenas, se considerarmos as milhares de histórias das mais diversas fontes que envolvem não a música, mas o estilo de vida que é o Rock and Roll. E bola para frente.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quem?

O Doutor está completando 50 anos. Sim, Doctor Who completa neste mês de Novembro 50 anos de exibição na BBC. Não foi exibição ininterrupta, houve períodos em que o personagem sobreviveu graças a episódios especiais, mas ainda assim a série clássica é considerada a mais longeva série de ficção científica já exibida, já a nova série está firme e forte já tem oito anos.

Eu conheci o Lorde do Tempo na primeira temporada da nova série, não posso ser considerado um Whovian, mas achei o personagem um dos mais bem bolados. Por ser um lorde do tempo, ele usa sua máquina de tempo e espaço (a T. A. R. D. I. S.) para se deslocar pelo universo conhecido e desconhecido, assim como também ao longo da linha do tempo, podendo ir ao passado remoto ou ao futuro longínquo.


Em um episódio ele pode estar participando de uma conferência com os seres mais inteligentes do universo sobreo limiar do colapso total do nosso sistema solar, e no seguinte sofrer com os bombardeios da Luftwaffe durante a Batalha da Inglaterra, na II Guerra Mundial, passando pelos mais fantásticos enredos e cenários.

A série originou um spin-off, que também abordou temas interessantes, mais voltados para o sobrenatural e fantástico (algo que lembra o bom e saudoso Arquivo X).

Agora a contagem regressiva para o episódio especial entra na reta final, dia 23 deste mês, com exibição mundial, apresentação em salas de cinema aqui no Brasil, o Doutor deixou de ser um curioso personagem inglês para ser um fenômeno mundial que se une a outros ícones criados na terra da Rainha, tais como Sherlock Holmes, Hercule Poirot e James Bond.

Que a série continue com toda a sua criatividade e com o humor inglês.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pensamentos, apenas

Ontem estava lendo um blog e lá vi uma definição interessante.

Decepção ou Desilusão é o sentimento de insatisfação que surge quando as expectativas sobre algo ou alguém não se concretizam.

Muitas vezes essa desilusão na verdade se deve às expectativas que temos sobre nós mesmos que acabamos projetando-os nos outros. Isso é quase uma constante nos dias de hoje, seja profissionalmente, seja no âmbito pessoal.

Podemos dizer que é a terceirização dos deveres, sejam eles quaisquer, um relacionamento, um desempenho profissional, enfim, tudo. A pessoa se exime de desempenhar seu dever da forma correta e espera que os outros identifiquem nela as virtudes que ela gostaria que ali estivessem à vista.

Inúmeras explicações poderiam gerar teorias sérias e estapafúrdias, mas em alguns casos, um diálogo pode deixar as coisas bem resolvidas. O problema é que muitas vezes, quando procuradas, as pessoas que nos ‘decepcionam’ fogem desse diálogo, deixando a situação insolúvel.


domingo, 27 de outubro de 2013

Woodstock, os mitos e a história

Como a cultura pop une fatos e mitos, tornando tudo uma coisa única e verdadeira. Assim é o Festival de Música e Arte de Woodstock, um dos maiores (senão o maior) marcos culturais do século XX.

A verdade é que foi um grande festival, o maior realizado, com a presença de grandes nomes da música pop dos EUA e da Inglaterra. Nomes como Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Who marcaram presença e se apresentaram ao lado dos então desconhecidos Santana, Quill e a The Incredible String Band. Destes últimos, apenas a banda Santana (depois o fantástico guitarrista em carreira solo) decolou, em parte pela apresentação no palco do festival.

Sim, todos sabem que a multidão que compareceu ao festival superou em muito os números esperados, esse foi só o primeiro dos percalços que o festival enfrentou, também a ocorrência das chuvas (verdadeiras tempestades) de verão ajudaram a tumultuar o desenrolar do festival. Essas chuvas causaram problemas com o equipamento e isso prejudicou a apresentação de muitas das atrações.

Os números foram superlativos, fala-se que foi em torno de 500 mil pessoas, esse foi outro entrave, já que toda a logística foi calculada para no máximo a décima parte dessa população, com isso, a alimentação foi pouca, os banheiros químicos não atenderam às necessidades, enfim, tudo ficou aquém do esperado.

Mas os lados positivos foram: a convivência pacífica nos três dias (não houve uma briga sequer na plateia), a cooperação comunal (todos dividindo o pouco que possuíam) e a própria música. Se bem que muitos artistas ficaram desgostosos com suas próprias apresentações (por causa da já citada chuva que afetou os equipamentos).

Todas essa histórias, acompanhadas de depoimentos de quem esteve lá (produtores, músicos e pessoas da plateia) detalham mais a saga do festival que mudou o mundo, no livro de Pete Fornatale, um rico trabalho de pesquisa e entrevistas que revisita o festival 40 anos depois, jogando novas luzes sobre a lama e a fumaça dos psicotrópicos ali consumidos.


Uma leitura interessante e atrativa para quem, como eu, gosta de música e tem curiosidade sobre os bastidores de grandes eventos.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Uma propaganda de 1969

Hoje eu comecei a ler Woodstock, livro de Pete Formatale que trás uma nova visão do festival, quarenta anos após sua realização.

Logo no começo, ainda na introdução, achei interessante o texto de propaganda que foi divulgado na rádio WNEW FM de Nova York, que já naquela época tinha sua temática toda voltada para o Rock. Motivo pelo qual resolvi reproduzi-lo aqui. Note não só a forma direta de elencar as atrações e os valores dos ingressos (que acabariam não sendo exigidos na entrada por que o público invadiu a área), mas os nomes de peso do Rock, Blues e Folk que estiveram presentes nesses três dias de Paz, Amor e Música.

“A Feira de Arte e Música de Woodstock é uma exposição aquariana em White Lake, na cidade de Bethel, Condado de Sullivan, Nova York. Na sexta-feira, 15 de agosto, vocês verão e ouvirão Joan Baez, Arlo Guthrie, Tim Hardin, Richie Havens, The Incredible String Band, Ravi Shankar e Sweetwater.

No sábado, 16 de agosto, tocam Canned Heat, Creedence Clearwater, Grateful Dead, Keef Hartley, Janis Joplin, Jefferson Airplane, Mountain, Santana e The Who – o grupo mais quente da cena atual.

No domingo, 17 de agosto, The Band, Jeff Beck, Blood, Sweet and Tears, Iron Butterfly, Joe Cocker, Crosby, Stills and Nash, Jimi Hendrix, The Moody Blues, Johnny Winter, e isso não é tudo. Ingressos à venda pelo correio ou na sua agência local de venda de ingressos a 7 dólares para qualquer dia, dois dias a 14 dólares, e 18 dólares para os três dias. Um passe especial de dois dias está disponível pelo correio a 13 dólares.

Para ingressos e informações, escreva para a Feira de Arte e Música de Woodstock, caixa postal 996, Radio City Station, Nova York, um-zero-zero-um-nove ou ligue para Murray Hill 7-0700. M-U-sete-zero-sete-zero-zero. Lembre-se: a Feira de Arte e Música de Woodstock será realizada em White Lake, na cidade de Bethel, Condado de Sullivan, Nova York.

Eles tiveram alguns problemas, mas parece que tudo vai ficar bem.”

Esse último parágrafo foi de improviso, já que os organizadores do festival tiveram diversos problemas de logística e organização, problemas estes que não impediram a realização e o sucesso daquele que seria o festival que mudou o Mundo.


domingo, 20 de outubro de 2013

Conflitos e Segredos

Anjos, demônios, seres fantásticos. A nova viagem ao universo criado por Eduardo Spohr nos mostra mais desses personagens fantásticos.
 
 
Desta vez a narrativa acompanha duas frentes, uma conta a história do anjo renegado Denyel, que desempenha uma função como Anjo da Morte, ao acompanhar in loco os conflitos que a raça humana deflagrou durante o Século XX, enquanto na segunda linha acompanhamos um coro tentando descobrir a localização de uma segunda cidade atlante que tenha sobrevivido ao dilúvio (a primeira nos foi apresentada em Herdeiros de Atlântida).
 
Num trabalho de pesquisa primoroso, Spohr faz uma ambientação fiel dos campos da II Guerra Mundial, no desembarque da Normandia (Dia D), nas Ardenas, acompanhados de elementos de seu universo, anjos que lutam ombro a ombro com humanos, ofanins que vem resgatar os mortos e novos elementos fantásticos, feras incansáveis e insaciáveis que podem matar até mesmo os seres angélicos.
 
Posteriormente acompanhamos o anjo exilado na Califórnia, num autêntico trabalho que lembra ações dos mafiosos de Don Corleone, para depois ele ser jogado nas selvas tropicais da Ásia, mais precisamente no Vietnam dias antes da Ofensiva do Teth, outra pesquisa de ambientação bem realizada. A forma como as supostas pesquisas em parapsicologia que a KGB realizou durante a Guerra Fria é bem encaixada na trama, assim como ruínas históricas da região e a tensão das potências atômicas que andavam sobre um fio para evitar um conflito nuclear.
 
Finalmente vemos conflitos menos conhecidos dos livros de história, acontecidos em países africanos que se libertaram do jugo colonialista europeu e no Líbano, onde uma guerra civil praticamente destruiu o país. Em todos esses cenários Denyel esteve presente, como combatente ou para desempenhar ações pontuais e cirúrgicas, que foram as peças de um quebra-cabeças que, depois de montado, nos desvenda parte da personalidade do exilado, os motivos de seu cinismo e sarcasmo, o desdém aparente por sua própria vida, enfim, segredos que ele sempre guardou a sete chaves para sua própria segurança.
 
Paralelamente a isso, Kaira e seu coro, composto pelos anjos Urakim e Ismael, seguem nos dias atuais atrás de pistas que os levem até Egnias, a cidade atlante que teria sobrevivido ao Diluvio. Eles seguem às cegas atrás de pistas que os levam a atravessar o globo terrestre, passando por lugares mundanos e paisagens quase que lunares, para terminar em uma luta de vida e morte, enfrentando adversários sobre-humanos.
 
Um atrativo maior à trama é o fato de Spohr pontear toda a trajetória do exilado por músicas populares que faziam sucesso na época em que os fatos se desenrolam, um pequeno detalhe que acaba conferindo mais sabor ao texto, que vale muito ser lido.
 
 

domingo, 13 de outubro de 2013

Soldados perdidos

Hoje em dia usamos a comunicação para tudo, telefones e computadores para nos comunicarmos com pessoas à distância, televisão e outros meios de notícias, tudo corre à velocidade da luz.

Agora imagine se você perde todo e qualquer contato com o resto da humanidade, fica sem saber as menores informações da sociedade e do Mundo, como você reagiria? Continuaria a desempenhar seu cotidiano ou mudaria todos seus hábitos?

Bom, para um número de soldados do exército do imperador, que lutaram no teatro do Pacífico, na II Guerra Mundial, a resposta foi simples, eles mantiveram seu cotidiano e suas ordens, que era lutar contra os aliados.

Não, isso não é brincadeira, vários soldados ficaram isolados em ilhas, perdidos de seus batalhões, mas mesmo assim continuaram a patrulhar o perímetro de seus acampamentos, a colocar armadilhas para capturar ou matar seus inimigos e, principalmente, a sobreviver, mesmo sem o apoio de seus colegas e superiores.

Há a narrativa de vários soldados que foram achados sozinhos em ilhas da Polinésia e das Filipinas, esperando a volta de novos pelotões para lhes render e substituir, que pensavam que a II Guerra Mundial continuava, muito tempo depois da assinatura da rendição pelo governo nipônico.

Essa disciplina oriental foi um dos fatores que transformaram os japoneses em terríveis adversários para os EUA após o ataque a Pearl Harbor e que gerou batalhas sangrentas em diversas ilhas, como Guadalcanal e Iwo Jima. Também foi devido a essa determinação que surgiram os kamikazes, pilotos que arremetiam contra embarcações aliadas com o intuito de as afundarem, mesmo que lhes custasse a própria vida.

Mas voltando aos soldados perdidos, muitos foram achados ao longo das décadas de 1940 (após 1945) e 1960, sendo que um resistiu escondido até o início dos anos 1970, aceitando o final da guerra quando um superior seu aceitou sair da aposentadoria e lhe falar sobre o fim da guerra e a paz assinada pelo Império Nipônico.

São histórias de determinação, disciplina, mas de total precariedade nas comunicações que o Japão apresentava no final do conflito, quando seu esforço já estava mais para defender seu território do que para invadir e dominar os países da região.


sábado, 5 de outubro de 2013

Fotos e histórias

Eu gosto de ver uma imagem e pensar numa história, há vários pequenos contos inacabados no blog que são feitos assim, eu escolho a imagem, olho, procuro detalhes e começo a imaginar personagens, situações (quase sempre de suspense, não sei, acho que sou meio doente com relação a isso) e vou desenvolvendo a trama, até que chega ao fim da imagem.
 
São cenários de florestas, praias, cidades e, até, ilustrações de ficção, você transforma tudo, uma imagem bucólica ganha ação, conforme sua imaginação, isso é muito legal.
 
Mas existem imagens que são estáticas, por mais que você use toda sua imaginação, não dá para mudar o que ela diz. Normalmente são fotografias marcantes, que contam tudo por si só. Elas não te dão margens de divagações, devaneios e viagens imaginativas, mas nem por isso são inexpressivas, pelo contrário.
 
Essa abaixo é um exemplo tocante, mostra um garoto austríaco que acabou de ganhar um par de sapatos novos durante a II Guerra Mundial, a imagem é forte, cheia de sentimentos e emoções, por mais que você se esforce você não conseguirá mudá-la, ela está fechada, é aquilo, mas nem por isso é enfadonha. Essa é toda a beleza que ela transmite.

sábado, 28 de setembro de 2013

O Convite

Ele estava sentado em sua mesa de trabalho, quando Josh chegou e lhe falou:
 
_A empresa vai reformular o periódico dos funcionários, você não quer participar escrevendo uma coluna?
 
Ele olhou intrigado e respondeu:
 
_Como assim? Eu nem sou jornalista, só escrevo alguns textos no blog, por diversão.
 
_Mas o periódico não é profissional, é dos funcionários – Josh insistiu – e a sua coluna seria para você escrever o que você quiser.
 
_Não sei, tem gente mais capacitada, que tem curso universitário, que sabe escrever sem erros de português. – ele falou descrente.
 
Josh abanou a cabeça, negativamente.
 
_Não, você não está entendendo, não queremos uma pessoa para fazer textos profissionais e técnicos, queremos você, que vai escrever com seus sentimentos, vai mostrar o seu ponto de vista das coisas, do Mundo. O convite é para você nos mostrar seus pensamentos. Você sabe que eu conheço seu blog, seus textos, sabe que é isso que eu quero mostrar para todos.
 
E continuou.
 
_O periódico vai ser quinzenal, você nem terá pressão de ter que produzir um texto por semana ou mesmo dois ou três, como se trabalhasse num jornal de verdade. Eu sei que você gosta de escrever nos finais de semana para o blog, escrever um texto a mais, a cada quinze dias, é menos complicado. Outra coisa, depois que passar os quinze dias, quando sair outra edição, você poderá publicar o texto da sua coluna no blog, afinal o texto será seu mesmo.
 
_Não é tão fácil assim, você que não escreve acha que a gente chega na frente do computador olha para a tela e sai escrevendo – ele rebateu – muitas vezes eu fico olhando para a tela vazia, sem saber o que escrever, mesmo sendo um blog amador, o trabalho de criação é difícil.
 
_Tá certo, eu não sei como é, mas o convite, melhor, a intimação está feita, não aceitamos um não como resposta. Volto a falar contigo na semana que vem, para dizer quando sairá o primeiro número, até lá, vai pensando na primeira coluna. – Josh falou, se levantou da cadeira e foi embora antes que ele pudesse lhe responder.

domingo, 15 de setembro de 2013

O sobrevivente

Ele seguia sem rumo naquela cidade fantasma, ruas e ruas desertas, nenhuma coisa viva no alcance dos olhos, mas ele sentia que não estava só, sentia sobre si olhos desconhecidos que o acompanhavam desde que havia chegado naquele conjunto de concreto e metal.

Ainda tentava entender o que havia acontecido, anos já se passavam desde que o Mundo havia mudado, desde a hecatombe, quando as leis da física deixaram de existir, desde que as formas de energia se esgotaram ou sumiram, desde que os tecnomagos surgiram e mudaram a vida de todos.

Ele havia perdido família e amigos, mas continuava seu percurso, em algum lugar haveria de achar alguns sobreviventes, gente normal que, possivelmente, também estariam brigando para sobreviver nesse mundo insano, aonde a magia se mesclava com o que sobrara da tecnologia. Ele já havia visto e enfrentado seres bizarros, pobres criaturas transformadas em máquinas, os zumbots (mistura de zumbis e robôs), tanto humanoides como dos mais variados animais.

Só sobrevivera graças ao treinamento militar que tivera no fim da adolescência, quando passou como recruta do exército por um período de seis meses em um quartel. Na época ele odiava as ordens dos sargentos, detestava os cabos que agiam como carrascos, mas agora agradecia por ter aprendido com eles a atirar, a se virar em ambientes inóspitos, enfim, aprendido a sobreviver.

Ele aprendeu a carregar consigo o necessário, quanto menos peso levasse mais fácil era escapar, se escondendo em lugares escuros e apertados. Assim, trajava uma camisa de mangas compridas, branca, um colete cheio de bolsos, caqui, uma calça preta de tecido resistente e botas pretas, que chegavam perto dos joelhos. Em uma das botas carregava uma faca de caça, daquelas parecidas com a que o Rambo usava, na cintura trazia duas armas, um revólver calibre .38 e uma pistola .380, as munições e carregadores eram levados nos bolsos do colete. Nesses bolsos ele também levava um canivete e uma lanterna, alguns curativos e medicamentos, coisa para primeiros socorros. Nas mãos carregava um rifle semiautomático .38. Para comer, somente algumas barras de cereais e chocolates, fora isso, quando achava em alguma casa ou mercados e restaurantes, fazia alguma refeição mais substancial, levando consigo o máximo de alimento não perecível que conseguisse.

Ele continuava andando com cuidado pelas ruas daquela cidade, olhando para cada sombra, procurando não fazer barulho, mas o solado de borracha de suas botas parecia ser de metal, aquele local era silencioso como um cemitério, seus passos ecoavam nas paredes dos prédios como uma bateria de escola de samba. Ele continuava com a impressão de ser vigiado.

Quando ele chegou à área central da cidade avistou algumas quadras a frente um parque, ele pensou que seria bom se ele cruzasse aquele caminho, pois se alguém realmente o estivesse seguindo, teria que sair para local aberto, e assim perder o anonimato. Ele acelerou seus passos, quase correndo, para cobrir a distância rapidamente e não dar chances para que o pegassem naquelas ruas cercadas de edifícios altos.

Assim que atravessou os portais de ferro que davam passagem aos passeios largos, cercados de grama e arbustos dos dois lados, ele respirou mais aliviado e reduziu a velocidade, olhando com calma ao redor. Ele tinha se esquecido da marcha do tempo, não se lembrava de qual dia da semana ou mês estava, mas pelo cenário, com o gramado amarelado e as árvores quase sem folhas, se lembrou de que estavam no final do outono e em breve o inverno chegaria. Ele precisava achar um lugar para passar os meses frios. Depois das mudanças, os invernos eram realmente frios, com neve caindo em muitos lugares onde a temperatura média era superior a 25°C o ano todo. Dessa vez ele estaria sozinho, pois neste último ano perdeu seu companheiro de viagem, como ele sentia falta dele, seu fiel cachorro que sucumbiu à idade avançada.

Ele estava quase no meio do parque quando ouviu um barulho metálico assustador, algo que ele nunca tinha ouvido não se parecia com zumbots, era mais metálico, parecia maior e mais ameaçador. Ele olhou para uma área de piqueniques, ao lado de um lago e viu algo que lhe tirou o fôlego, um carro se movia como um inseto, com seis patas metálicas, um inseto de mais de 600 quilos de puro metal, que se dirigia vagarosamente em sua direção. Ele chegou a levantar o rifle e mirar no vidro do para-brisas, mas desistiu de puxar o gatilho, iria desperdiçar uma bala e não faria nem cócegas no monstro mecânico.

Ele olhou ao redor e procurou uma rota de fuga segura, escolhendo seguir pela sua direita, começou a correr, mas isso pareceu despertar de vez o monstro, que acelerou os passos e se pôs a persegui-lo.

Quando estava quase sendo alcançado, ele passou por um par de árvores de troncos grossos e ouviu um barulho de cordas se esticando. Ele não parou, nem quando ouviu um barulho alto de ferro se chocando contra o chão, achou um banco alguns metros a sua frente e se escondeu atrás, somente depois disso olhou de onde vinha o barulho.

Ele se surpreendeu ao ver um velho e dois jovens ao lado do monte de ferro retorcido que era o monstro até alguns minutos atrás, eles não se pareciam nem se trajavam como tecnomagos, logo deveriam ser sobreviventes, além disso, eles haviam o ajudado a sair dessa perseguição.

Os três pareciam examinar o interior do carro, como se procurassem sobreviventes ou alguma coisa que pudessem usar, mas logo desistiram, olharam para ele e andaram em sua direção. O velho se apresentou como Walter, um ex-jogador de rugby, e disse que os jovens eram seus sobrinhos, Wallace e Javier, que haviam sobrevivido à hecatombe, mas perdido os pais, desde então os três sobreviviam naquela cidade, sempre buscando um jeito de destruir as máquinas que circulavam por lá. Ele, por sua vez, contou sua história, sobre sua peregrinação pelas terras desoladas e sua busca por sobreviventes.

O tempo passava e o entardecer já avançava, quando Walter o convidou para irem a seu refúgio, pois à noite outras máquinas e zumbots vagavam pela cidade, atacando e levando prisioneiros para o quartel-general do seu criador.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

A verdade está lá fora há 20 anos

Faz 20 anos que Chris Carter nos apresentava dois personagens que seriam imortais para os fãs de ficção científica, a cética Scully e o pio Mulder, agentes do FBI que trabalhavam no setor chamado Arquivo X.

Sim, num dia 10 de setembro, no já longínquo ano de 1993, estreava nos EUA, no canal Fox, a série que moveria fãs ao redor do mundo, trazendo todas as semanas mistérios intrigantes que, quase sempre, envolviam o sobrenatural e extraterrestres.

Não me lembro da data em que a série estreou no Brasil, no canal da Rede Record (tempos em que eu não tinha tv por assinatura), mas raríssimas vezes eu deixei de ver o episódio que era apresentado nas noites de sextas-feiras. Sempre a química entre os agentes e os mistérios investigados faziam com que eu ficasse quase que hipnotizado na frente da tela, aguardando o que aconteceria, fosse O Assassino Imortal (Eugene Toons), fosse o Gólen, ou, talvez, um enxame de insetos misteriosos no meio de uma floresta tropical.

Fica até difícil falar, tantas as histórias que foram narradas, o fato é que Mulder e Scully têm um lugar de honra na galeria de heróis improváveis da ficção científica.


domingo, 8 de setembro de 2013

A viagem

Tchu, tchu, tchu...

Ele tinha a impressão que se saísse do vagão e empurrasse o comboio aquela viagem seria mais rápida, aquele trem parecia ter saído do início do século passado, tão lento ele se locomovia. Sua tentação era ir até à cabine e perguntar o que o condutor queria para acelerar aquela viagem. Aquela vagarosidade era irritante, e ficava pior ainda quando eles começavam a subir um morro.

Ele tinha compromisso em dois dias, numa cidade que não conhecia, mas sua noiva insistira em se casar junto à família, não só os pais, que foram à capital quando foi oficializado o noivado, mas todos, avós, tios, padrinhos, cachorro, gato e papagaio, enfim, todos aqueles apêndices que veem junto. Disseram para ele que na cidade havia um antigo namorado de infância dela, e que esse rapaz seria capaz de subornar o padre para oficializar o casamento dele, caso o ‘noivo da capital’ não chegasse a tempo. Ele tinha dúvidas sérias se isso era verdade, mas não pagaria para ver. Isso era outro motivo que aquela lerdeza o irritava.

Quando eles se conheceram, os amigos acharam aquele romance muito estranho, já que ela não era tão atraente quanto as outras namoradas, essa beleza mais discreta era compensada pela simpatia e alegria. Depois, quando souberam que o pai era fazendeiro e tinha uma grande fazenda de pecuária, ficou aquela troça, que era ‘golpe do baú’, coisa que ele garantia que não era verdade.

Enquanto ele divagava sobre esse passado, andava pelos corredores dos vagões, a ansiedade o dominava. Ele não entendia porque ir de trem, quando de carro seria mais rápido, mas ela havia insistido, não quis dizer o motivo, apenas queria que fosse dessa forma e ele aquiesceu. Era uma boa oportunidade para ele observar os passageiros, gente da mais variada etnia e procedência, era uma confusão de sotaques que ele nunca teria imaginado.

Tchu, tchu, tchu...

O que mais o desesperava era as paradas, em qualquer cidadezinha, onde havia uma estação, era feita uma parada, mesmo que ninguém subisse ou descesse. O pior era quando alguém subia, pois lá vinha o encarregado de verificar as passagens. Se todos comprassem as passagens no guichê, na estação, seria fácil, mas alguns insistiam em subir e pagar a passagem no vagão, como se desconfiasse do vendedor, ou sabe se lá por quê. Mas esses eram o que faziam mais confusão, conferindo o destino, o dinheiro do pagamento, reclamando que o troco estava errado, um caos.

Aquele trem estava de brincadeira, não andava, a impressão é que se ele fosse andando chegaria mais rápido. Nisso ele se lembrou da viagem ao exterior, daqueles trens balas, que cobriam centenas de quilômetros em menos de uma hora, ah, se aquele trem fosse assim.

Para se distrair, ele tentou rememorar o dia do noivado, o nervosismo de conhecer os pais da noiva, a preocupação se ele seria ‘aprovado’ e aceito. Qual a decepção ao ver que os dois, apesar do dinheiro, eram simplórios. O pai fez várias piadinhas grosseiras e machistas, a mãe era preocupadíssima com a honra da filha, foi difícil falar algo do mesmo nível, mas ele não queria parecer esnobe, então falou o que achava que os dois esperariam que ele falasse.

A preocupação fez com que ele ficasse com vontade de ir ao banheiro, nervosismo? Quem sabe. Novamente ele começou a atravessar os corredores do vagão, ouvindo a balburdia que os passageiros faziam, foi assim até chegar ao banheiro, ou melhor, à fila do banheiro. Aquilo se assemelhava a um desafio maior do que aguentar a lerdeza do trem, mas ele precisava entrar no banheiro, teria que ter paciência.

Aquela viagem o estava enlouquecendo. Chegou a olhar no celular o telefone de um amigo que havia se formado em direito, pensou em ligar-lhe, estava disposto a achar uma brecha na legislação e processar alguém, o maquinista, o cobrador, a empresa, até mesmo o presidente desta, aquela viagem estava fazendo-lhe muito mal.

Tchu, tchu, tchu...

(Baseado na música Maria Fumaça de Kleiton e Kledir)


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Um contato imediato de muito humor

Logo no prefácio, o próprio Maurício de Sousa classifica Magnetar como uma aventura solitária e introspectiva, já Laços é uma fábula sobre a amizade. Bem, seguindo essa linha, Pavor Espaciar é uma comédia ao melhor estilo dos Reis do Riso.


Isso é fácil de explicar, o estilo do autor desta Graphic Novel, Gustavo Duarte, é mais visual que falado (ou escrito), as imagens são ricas, ágeis e contam bem a história, sem a necessidade de grandes textos explicativos, lembrando a agilidade dos clássicos do cinema mudo. Além disso, apesar de a temática ser um contato com extraterrestres, o que se sobrepõem é a veia cômica, lembrando as deliciosas matines de Charles Chaplin, Harold Lloyd e Buster Keaton.

Todos os encantos do caipira Chico Bento estão presentes, assim como de seu primo, Zé Lelé, toda aquela forma simples do morador do interior do Brasil, o matuto que todos conhecemos bem. Aqui eles têm como coadjuvantes o porquinho Torresmo e a galinha Giselda, que são fundamentais à trama.

Além da riqueza do roteiro, a arte é um verdadeiro Easter Egg, cheio de surpresas e pegadinhas, como uma arma espacial cultuada por fãs de ficção científica, um astro pop (que já foi chamado de ET em outra mídia), além de muitas referências a mistérios e lendas que envolvem os discos voadores.

Uma leitura deliciosa, daquelas que garantem muitas risadas, que vale cada minuto, e que venha a próxima Graphic.


domingo, 1 de setembro de 2013

Um discípulo da magia

Um garoto de óculos, cabelos desgrenhados, solitário, entrando na adolescência, que de repente descobre que pode ser um mago, o maior mago de seu tempo, para isso ele começa a percorrer as histórias imemoriais da magia, colhendo conhecimentos que poderão ser úteis um dia. Não, não estou falando de Harry Potter, mas de Tim (Timothy) Hunter, o personagem principal de Os Livros da Magia, do brilhante Neil Gaiman.

Há muita discussão e controvérsia se Harry Potter é ou não é plágio do personagem que Gaiman criou para a DC Comics. Inegavelmente a descrição acima pode se encaixar nos dois personagens, Hunter também tem como bichinho de estimação uma coruja, se bem que Ioiô, como o nome diz, foi transmutada de um brinquedo de mesmo nome, ao contrário da coruja branca de Potter.

J. K. Rowling pode nunca ter lido ou sequer ouvido falar do personagem dos quadrinhos, mas entre ambos há muitas semelhanças, porém estas param por aí. Potter teve Hogwarts, Hermione, Ronny, Dumbledore, Snape e outros em sua vida, preparando-o por anos para seu grande desafio, já Hunter foi orientado por quatro membros da Brigada dos Encapotados, John Constantine, Mister Io, Vingador Fantasma e Doutor Oculto, que o levam para uma jornada de dias em mundos e universos paralelos, levando-o aos princípios dos tempos, passando pelo presente e por terras fantásticas, até o fim de tudo.

Uma jornada que mostra todos (ou quase todos) os personagens místicos da Editora, nomes como Etrigan, Zatanna, Morpheus e os Perpétuos, Senhor Destino e outros. Todos contribuem direta ou indiretamente para se ter uma visão ampla do que é a magia nesse universo, “a sombra que existe no meio da realidade”.


Uma edição bem tratada que vale a pena ser lida.


domingo, 25 de agosto de 2013

Uma aventura atemporal

Normalmente o que vemos é um livro ter sua história adaptada e levada para as telas do cinema, não importa se o livro tem muitas páginas ou menos de cem, se é de língua inglesa, portuguesa ou chinesa, se é best-seller ou cult, quase sempre um diretor ou produtor torna-se fã da publicação e resolve comprar os direitos para transformá-lo em filme.



Este é um caso que a obra segue o sentido contrário, ela sai das telas e vai para as páginas (240 para ser exato) de um livro leve e fácil de ser lido. O escritor James Kahn consegue transpor para as páginas a agilidade e alegria que o filme conta, conseguindo reconstruir a aventura dos garotos que moravam em Docas Goon e, num sonho desesperado, saem em busca de um lendário tesouro de piratas que estaria escondido nos subterrâneos de sua cidade.

O escritor se apoia não só no filme, mas encaixa cenas descartadas (uma versão do diretor seria interessante) e também utiliza o próprio roteiro do filme, que trás detalhes das personalidades dos personagens, além de uma leve e picante passagem que não foi gravada (para a ingenuidade da época, a cena seria exagerada).



Uma aventura para ler e, se você viveu nos loucos anos 1980, reviver sua adolescência, muito bem representada pelos Goonies, não é, Willie Caolho?