domingo, 2 de dezembro de 2012

De toda a crueza da II Guerra Mundial

Sempre gostei do tema da II Guerra Mundial, isso talvez se deva aos filmes e seriados que proliferavam na minha infância e adolescência, quase sempre mostrando os americanos como protagonistas (raras vezes outras nacionalidades dos aliados) e as forças do eixo como vilãs (principalmente alemães e japoneses). Acho que uma das poucas exceções é A Cruz de Ferro, a história da batalha de Stalingrado entre alemães e russos, tendo como protagonistas os alemães. Tá, mais recentemente foi lançado um excelente filme tendo como cenário esse conflito, mas O Círculo de Fogo já faz parte da minha história adulta.

O teatro europeu de operações sempre teve um apelo maior para mim, as ações em terra e ar sempre foram mais intensas que as de mar (predominância do teatro do Pacífico) no meu ponto de vista. Então é de se imaginar que o Dia D é uma espécie de prato principal desse assunto.

Algum tempo atrás a HBO lançou uma minissérie sobre a II Guerra Mundial, que cobria todo o percurso de uma companhia de paraquedistas americanos, desde seu treinamento, ainda em continente americano, até o Dia da Vitória, o final do conflito na Europa. Eu assisti avidamente essa série, com muito interesse.

Na sinopse dessa série e no início e final de cada capítulo os produtores sempre citavam que a minissérie era uma adaptação da obra homônima de Stephen E. Ambrose. Eu fiquei com isso no inconsciente, até que recentemente uma pessoa que sigo no twitter citou o livro (ele é escritor e está preparando um livro de fantasia que tem parte da ação na II Guerra Mundial e estava usando o livro como fonte de pesquisa), isso reavivou minha curiosidade e eu comprei o livro Band Of Brothers (Companhia de Heróis).


Eu tenho uma lista considerável de livros para ler (fora os que já li, os deste ano estão numa lista na lateral do blog), mas acabei pulando a ordem para ler essa obra e viajei pelos campos de Toccoa (Currahee), passando pela praia de Utah na Normandia, Bastogne e outros cenários do conflito.

Como eu esperava, a obra desmistifica muito do glamour que o cinema e a televisão trouxeram para o conflito, mas ainda assim fica impossível não admirar os atos que são narrados ali, não pela violência e carnificina, mas pela forma como aquela companhia (a Companhia Easy) acabou por firmar fortes laços de amizade entre seus componentes. Não sei ao certo, mas é muito citado no livro que esses laços são considerados os mais fortes e duradouros de toda a história bélica do mundo moderno, sem equivalente em qualquer nação do mundo.

Exagero? Não sei. Mas o fato é que muito do que é narrado transmite essa ligação entre os combatentes, sejam eles oficiais, graduados ou praças, de forma indistinta.

Cabe ressaltar que esses laços são mais palpáveis entre os componentes originais, que passaram por todo o treinamento em Toccoa e outros centros do exército dos EUA, e que também foi estendido a muitos dos substitutos que chegaram ao longo da guerra, mas não a todos.

A obra, originada de uma série de entrevistas com os combatentes que estavam vivos no começo dos anos 1990, busca ter uma fidedignidade grande, mostrando os medos, dificuldades e superações que os entrevistados passaram à época, lembrando que ela só não é mais completa por causa das falhas de memórias que os combatentes, já em idade avançada, apresentaram e por falta de outros que faleceram antes do começo do projeto, seja em terras europeias ou posteriormente.

Uma obra que não valoriza a guerra, mas a descreve de forma realista com todos os seus nuances. Vale a pena ler inúmeras vezes.

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