quarta-feira, 31 de outubro de 2012

De carona e fantasmas

“…

Era tarde da noite, quem sabe que horas ao certo, talvez meia-noite? O fato é que ele estava circulando pela cidade sem rumo, olhando apenas a enorme lua cheia que dominava o céu quando viu na calçada, ao lado de um muro que parecia não ter fim, uma vestida com um vestido de aparência simples.

À medida que se aproximava ele achou que sua silhueta bonita, ela era esguia, estatura mediana, cabelos abaixo dos ombros, ela andava lentamente no mesmo sentido do carro, motivo pelo qual ele só via suas costas.

Quando se aproximou dela, ele reduziu a velocidade e abriu o vidro da janela do passageiro para poder chama-la, quem sabe ela aceitaria uma carona. Quando ficou ao lado da mulher, ele pressionou a buzina com a mão, para chamar-lhe a atenção e em seguida a chamou, ‘ei, gostaria de uma carona?’

Ela parou, olhou-o com um olhar inexpressivo, titubeou um pouco, mas acabou acenando positivamente com a cabeça. Ele destravou a porta e a abriu, ela se aproximou e entrou. Nesse momento, mesmo com o calor que fazia, a temperatura do carro pareceu baixar.

Ele se apresentou e perguntou para onde ela estava indo, que ele a levaria sem problemas. Ela pediu que se dirigissem para qualquer igreja, não havia preferência, qualquer uma estaria perfeita.

Ele soltou o freio de mão e começou a acelerar, com o cuidado de não ir muito rápido, ele queria que a viagem fosse demorada para poderem conversar, ela o intrigava muito.

Começaram conversar trivialidades e, apesar de parecer mais jovem que ele, ela começou a contar particularidades sobre a cidade de muitos anos atrás como se ela a conhecesse muito bem. Ela falou sobre a velha estação de trem, das pequenas lojas dos libaneses que ficavam nas proximidades, das casas antigas que foram derrubadas para dar lugar ao shopping, contava tudo com ricos detalhes. Ele chegou a duvidar dela, achando que ela estivesse inventando todas aquelas coisas só para distraí-lo e não revelar coisas sobre si.

Depois de algum tempo, ele perguntou como ela sabia de tudo aquilo se ela parecia ser tão jovem, então ela falou, ‘eu vivi aqui há cinquenta anos, fui assassinada a facadas e hoje eu vago pelas ruas da cidade sem descanso por causa de uma maldição de vingança que meus familiares rogaram contra o assassino, estou fadada a caminhar sem descanso por esta cidade até que ele queime no fogo do inferno.’ e em seguida desapareceu.

Ele quase bateu o carro com o susto que levou e dirigiu o mais rápido que pode para sua casa, jurando a si mesmo que nunca mais dirigiria à noite, a esmo, num dia 31 de outubro.

…”

(Devaneios sobre lendas urbanas que se propagam no Dia das Bruxas)

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