terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

De arranjos esportivos e políticos

Será verdade, será que não?

Não, não vou falar da música Proteção da Plebe Rude, apesar de começar com as mesmas palavras.

O assunto que quero falar é velho, já está como esqueleto de tão antigo, mas surgiu uma notícia no periódico El País que trouxe essa história de volta à tona.

Os fatos aconteceram no ano de 1978, no meio do ano, durante o inverno no Hemisfério Sul, mais precisamente na Argentina.

Copa do Mundo, sempre existiram várias suspeitas sobre o jogo entre o time anfitrião e os peruanos, um placar pouco provável, pois o time dos Andes tinha magníficos jogadores.

Talvez perdessem sim, os platinos eram melhores, mas não de forma tão vergonhosa, a goleada de 6 x 0 até hoje é tratada como vergonha no Peru.

A torcida não perdoou seus jogadores, quando estes desembarcaram no aeroporto de Lima foram recebidos por uma chuva de moedas e um coro de “Mercenários” além de outras palavras menos prestigiosas.

O placar levou a Argentina à final, onde enfrentaria e ganharia da Holanda, conquistando seu primeiro título mundial de seleções.

Até aí, todo mundo conhece a história.

O que veio à tona, ainda sem confirmação, é que houve um acordo de bastidores entre os regimes totalitários dos dois países.

Ambos faziam parte da chamada “Operação Condor”, juntamente com outros governos reacionários sul-americanos, incluindo o Brasil.

Na época da Copa, o governo peruano havia realizado diversas prisões de dissidentes e oposicionistas, sendo que precisava silencia-los, então seu Ditador, Francisco Morales Bermúdez, entrou em contato com Jorge Videla, ditador argentino, e perguntou se o país platino não receberia os prisioneiros como um favor entre as nações.

Videla teria carta branca para fazer o que quisesse com os deportados, inclusive desaparecer com eles (para entender, os presos políticos argentinos que desapareceram, em sua maioria, foram jogados de aviões em meio ao Oceano Atlântico, onde ou morriam já na queda ou morriam na água, por hipotermia e outras causas).

O argentino pensou e resolveu aceitar, mas pediu algo em troca, como compensação.

O governo peruano deveria interceder junto ao selecionado nacional e garantir uma derrota por goleada, para que os anfitriões se classificassem em primeiro lugar no seu grupo das semifinais e assim disputar o título.

Quem conta a história é o ex-senador peruano, oposicionista na época, Genaro Ledesma Izquieta que ficou, juntamente com outros 12 peruanos, detido na cidade de Jujuy, Argentina, no período abordado.

Até hoje a história do jogo nunca foi bem solucionada, diversas teorias conspiracionais surgiram, da nacionalidade dos goleiros peruanos (titular e reserva eram argentinos de nascença), até a presença de soldados armados no vestiário da seleção andina, essa reportagem trás apenas mais uma explicação para o caso, algo que continuará nos porões das ditaduras continentais com suas lendas e incertezas.

Imagem do jogo de 1978

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