terça-feira, 3 de abril de 2012

De lembrança de cachorro

Está para fazer oito anos que aqui em casa não tem cachorro, uma eternidade se levar em conta que eu sou cachorreiro, adoro cães.

Os motivos que levaram a ninguém querer adotar um novo cachorro são vários e não interessa discutir isso agora.

Agora, posso dizer que o Luan (é, esse era o nome dele e para mim, sempre que ouço esse nome, eu associo a cachorro, nunca a humanos) era de uma personalidade única.

Ele era SRD, misto de fox paulistinha com outra raça indefinida.

Não era “neura”, daquele que late para a própria sombra, tinhas dias que você só se lembrava dele se ele estivesse com fome e te procurasse para ganhar comida, pouco latia, gostava de ficar em algum lugar da casa ou do quintal, deitado, na dele.

Ele era rueiro, se alguém bobeasse e deixasse o portão da rua aberto, ele passava horas explorando a vizinhança, voltando para casa totalmente esgotado de tanto perambular por aí.

Quando mais novo aprontava todas, arrancava plantas, mastigou um pacote de erva mate, ele saiu tossindo e espirrando, engasgado com as folhas da erva.

Uma característica que me chamou a atenção, o gosto musical dele.

Parece piada, mas ele gostava de jazz, com bastante instrumento de sopro, tipo Charlie Parker, Dizzy Gillespie, ou outro saxofonista ou trompetista.

Muitas vezes eu colocava algum CD desses artistas para escutar, enquanto lia, ele não tinha dúvidas, vinha e se deitava ao lado da caixa de som, ficava ali com um sorriso no focinho (como o da foto abaixo), mas se eu mudasse para outro gênero musical, Rock, Blues, MPB, ele, sem cerimônias, se levantava e ia deitar no quintal.

As memórias vêm e vão, por isso não há uma organização ou ordem cronológica, isso não importa, o que vale é a lembrança.

Talvez essa característica seja um dos motivos de ninguém adotar outro cão aqui, dificilmente apareceria um com tanta personalidade.

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