sábado, 20 de julho de 2013

Amizade!(?)

Vamos lá, tentar escrever algo aos 45 minutos do 2° tempo.

É que hoje é o dia do amigo, vi muita gente comemorando com posts, compartilhamentos de imagens e mensagens e fiquei pensando na fragilidade de uma amizade.

Nem tudo depende de você, tem que haver uma correspondência da pessoa que você considera seu amigo. É muito clichê você falar que vai se dedicar a outras pessoas e não esperar nada em troca, não que esse algo seja benefícios financeiros, pelo contrário, mas todo mundo espera receber carinho, compreensão, apoio, essas coisas que são impalpáveis e que não se pode rotular ou colocar preço. Sim, a amizade é um caminho de mão dupla, você recebe aquilo que oferece.

E nisso está a beleza e a fragilidade de uma amizade. A beleza pelo fato de pessoas totalmente diferentes entrarem em conexão, compreendendo-se, se apoiando, enfim, convivendo de forma produtiva e positiva. A fragilidade é uma tênue linha, que se ultrapassada pode fazer desmoronar os mais sólidos castelos, ela aparece quando não há uma correspondência de ações, quando por algum motivo um dos lados começa a negar-se a corresponder os atos, quando há uma espécie de egoísmo unilateral, por qualquer motivo que seja. Essa é uma situação triste quando acontece e infelizmente é até frequente nos dias de hoje.

Mas, a vida segue e você tem que ser feliz com seus amigos.

Feliz dia do amigo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Uma rua e mil ideias

Hoje eu saí do meu itinerário habitual, fui fazer uma consulta de rotina. Mas, isso, em si, nada tem a ver com o que eu quero falar.

O que eu achei interessante foi que a saída do itinerário foi legal, andar por ruas onde eu não costumo andar, observar casas, árvores, moradores, animais, é sempre interessante. Aí a imaginação voa, você vê a fachada de uma casa que é chamativa, bonita, fica pensando em como é seu interior, se o arquiteto ou engenheiro que a projetou foi tão inspirado com o resto do imóvel ou se apenas ali algo se sobressaiu. De repente uma solução para uma garagem, ou uma simples varanda com um pilar colocado de forma diferente, ou… sei lá, tem tantas variações.

Também casas pobres, sejam financeiramente, sejam de imaginação arquitetônica, têm seu charme, sua mística. Muitas vezes você mal as repara, mas se olhar com atenção, ali também terá uma história a ser imaginada.

Os moradores (que na hora em que eu passei eram poucos), sempre preocupados com a limpeza das calçadas, ou levando o saco de lixo para fora, ou tirando o carro da garagem para ir trabalhar, pessoas com histórias próprias, o que não impede de você imaginar outras, mais ou menos curiosas. Os animais, deitados na sombra, latindo junto ao portão, ou sendo furtivos, pulando um muro, também podem trazer uma infinidade de aventuras para sua imaginação.

É impressionante quando você vagueia por uma rua, sem pressa o que pode imaginar, criar e, sem ser indiscreto, inventar. Um exercício interessante para a mente.

sábado, 13 de julho de 2013

Os Beatles e Eric Clapton

Hoje é o Dia Mundial do Rock, eu não poderia deixar passar em branco.

Acho que já contei como comecei a gostar de rock, na minha infância, uma ou outra coisa mais. E… bem, tem muita gente que tem maior bagagem e conhecimento para falar, mas eu sou chato, vou e coloco a colher.

Todo mundo conhece o Fab Four, John, Paul, Ringo e George. Foi com eles que o rock ganhou o status que tem até hoje em dia. Sim, já faziam sucesso muita gente boa e de grande qualidade, gente do naipe de Elvis, Rolling Stones, The Animals e muitos nomes pioneiros, mas foi com “os quatro rapazes de Liverpool” que o ritmo ganhou força e virou o que é hoje.

A formação é clássica, a história e as músicas da banda muita gente sabe de cor, o que eu acho que poucos têm conhecimento é que Eric Clapton quase fez parte do quarteto no lugar de George. Isso aconteceu no fim da década de 1960, quando as diferenças e o ego dos músicos já estavam começando a levar tudo para o fim do sonho, durante a gravação de um de seus últimos LPs, Let It Be, George, cansado das brigas entre eles, sumiu por alguns dias, nesse período, Paul e John cogitaram convidar Eric Clapton para assumir a guitarra.

O convite não aconteceu, George voltou antes de a ideia ser colocada em prática, mas segundo o próprio Clapton, se o convite fosse feito, ele não aceitaria e tinha um motivo forte, a grande amizade dos dois.
Para quem não sabe, o solo em While My Guitar Gently Weeps é de Clapton, que tocou justamente a convite de George.

A pergunta que fica é, se o convite fosse feito e aceito, daria certo? Ou haveria um choque de estilos entre o experimentalismo psicodélico que os Beatles viviam na época com o sangue bluseiro do grande guitarrista?

Fica a pergunta, reflita ao som de While My Guitar Gently Weeps.


domingo, 7 de julho de 2013

A mata

Ele havia dito que aquilo era uma péssima ideia, mas ninguém o ouviu. Pelo contrário, falaram que seria legal, uma viagem àquele vale, conhecer a natureza, lembraram que era uma das últimas reservas de mata nativa daquela região.

Ele tinha argumentos, falou que o lugar não era um parque público, a área era privada, pertencia a alguém, e esse alguém poderia não gostar de visitantes. Mas riram dele, falaram que era muita paranoia, que ninguém iria se importar com um pequeno grupo de jovens que iriam apenas acampar por um fim de semana prolongado, além do que, eles não iriam prejudicar o local, não jogariam lixo, não cortariam as árvores, a fogueira seria bem controlada para não gerar um incêndio.

Depois de muito argumentar, falar, ele acabou cedendo. Não queria ficar longe dela no final de semana, se ela queria ir nessa roubada, então ele iria também, mesmo que contrariado.

Assim começaram os preparativos, afinal eles tinham apenas 3 dias para a viagem. Empréstimos de barracas, colchões e outros apetrechos de camping que não havia em quantidade suficiente para o grupo, vaquinha para comprar mantimentos e bebidas. Parecia que tudo andava rápido. Mas estava faltando algo, que ele fora encarregado de obter, um mapa detalhado da região.

Depois de rodar livrarias e revistarias, não achou nada, parecia que ninguém tinha conseguido fazer um levantamento do local, pelo menos ninguém nos últimos 30 ou 40 anos. Um senhor que aparentava ter uns 60 anos lhe falou que talvez ele encontrasse algumas anotações em jornais antigos, que ele poderia encontrar na biblioteca municipal.

Assim foi ele, a biblioteca parecia um depósito, poucas pessoas visitavam o local, o bibliotecário, já em idade avançada se limitava a ficar no balcão junto à portaria, não andava pelos corredores havia muito tempo, nem mesmo havia funcionários para fazer a limpeza, o pó e o mofo reinavam pelo local, bastava andar alguns metros para o interior da biblioteca e parecia que se estava fazendo uma viagem ao passado remoto.

Ele olhou primeiro a máquina antiga de microfilmes, ficou horas sentado em frente a ela e não encontrou nada. Resignado voltou ao balcão e indagou pelas edições encadernadas dos antigos periódicos locais. Ouviu atentamente a orientação e se aprofundou pelos corredores, até chegar ao local indicado.

Mais horas perdidas em pesquisas, muitos espirros devido ao excesso de pó acumulado, quando ele já estava para desistir acabou encontrando algo que ajudaria. Uma espécie de croqui da região, não era um mapa detalhado, mas com certeza era da reserva florestal, muitos símbolos estavam impressos, setas, marcação de ‘x’, mas o mofo, a umidade e as traças haviam feito um bom serviço nas páginas amareladas, ele não conseguiu ler nada, ou quase nada, naquelas folhas. Parece que havia acontecido algo sério ali, como o periódico era do começo do século anterior, não havia fotos, era apenas o texto borrado e aquele desenho.

Ele pegou o volume com cuidado e levou ao balcão, pedindo para o bibliotecário fazer uma cópia na velha xerox que existia ali. O homem o olhou com uma das sobrancelhas levantadas, como se quisesse adverti-lo sobre algo, mas apenas fungou, pegou o encadernado e fez a cópia, cobrando a taxa habitual. Quando ele foi pegar o volume para devolvê-lo à prateleira, o funcionário fez um sinal mostrando o relógio, já estava na hora de fechar, no dia seguinte a coletânea voltaria a seu lugar.

Naquele último dia antes da viagem, ele passou muito tempo debruçado sobre a cópia do desenho, tentando entender os borrões que o acompanhavam e, também, tentando decorar os detalhes sobre aquela mata. Pareceu que o dia correu rápido, quando ele se deu conta, já era noite, ele comeu algo e foi deitar mais cedo, pois todos queriam sair durante a madrugada para chegar com o raiar do dia à mata, para poderem fazer o acampamento logo e sair para explorar a região.


A viagem foi rápida, menos de duas horas e os carros já estavam parando no acostamento, a cerca de 150 metros do limite das árvores. A decisão que tomaram foi a de sair da estrada, levando os carros até próximo das árvores, onde iriam montar as barracas, assim eles poderiam usar os faróis dos carros caso houvesse alguma necessidade, então eles estavam percorrendo o local para achar uma passagem por onde os carros pudessem ser guiados, sem correrem o risco de os pneus furarem.

Ele aproveitou para olhar a mata, ficou impressionado, parecia que ela era sobrenatural, pois, mesmo com o sol da manhã brilhando, ela tinha muitas sombras. Mesmo assim, ele deu de ombros e voltou sua atenção para a estrada, procurando um terreno firme.

Algum tempo depois as barracas estavam armadas, a divisão foi simples, as duas barracas maiores seriam ocupadas pelos solteiros, uma pelos homens e outra pelas mulheres, as quatro menores seriam dos casais, como ele ainda não formava um casal, ficou na barraca maior. A esperança era que numa próxima vez uma das menores lhe coubesse, bastaria ela ser menos indecisa.

Como o tempo não parava, e eles levaram mais de uma hora para armar acampamento, decidiram que comeriam alguma coisa e depois iriam explorar a mata, alguns dos rapazes foram buscar lenha, galhos secos e palha para arrumar a fogueira que seria acesa à noite, outros foram ver se achavam alguma fonte d’água ou riacho nas proximidades, para pegar água para cozinhar. As garotas ficaram para terminar de arrumar o interior das barracas, ele era o chef da turma, também ficou e foi começar a cortar cebola e outros temperos, além de terminar de arrumar o fogão de campanha que tinha trazido, ele esperava que os três botijões de gás de 1 quilo fossem o suficiente para aqueles dias, afinal, a noite dava para assar pedaços de carne na fogueira, ele poderia economizar o gás.

Pouco depois todos chegaram, um grupo havia trazido a água e o outro a lenha. Enquanto ele arrumava os baldes, separava a água para ferver e a que seria usada para lavar a louça, os demais começavam a limpar o terreno onde a fogueira ficaria, depois disso, começaram a empilhar os galhos e colocar a palha e grama seca nos vãos, para facilitar o fogo, a noite ela seria um grande espetáculo.


Pela posição do sol, a tarde já avançava por volta de 2 da tarde, tudo estava pronto no acampamento, o grupo todo trocou de roupa, vestindo calçados confortáveis e roupas bem coloridas, estavam prontos para andar e conhecer a natureza local.

Como a mata era fechada, eles tiveram alguma dificuldade em encontrar um local para adentrar nela, andaram algum tempo, até que eles acharam um local onde as árvores eram mais espaçadas, por ali eles seguiram. Ainda assim o espaço era apertado, obrigando-os a andar em fila indiana.

Alguns metros depois de entrarem sob as árvores, foi necessário ligar as lanternas, as copas das árvores eram tão fechadas que a luz do sol não conseguia iluminar o local, parecia que eles haviam entrado numa região perdida e esquecida pelo tempo, eles viam apenas os vultos dos troncos, dos quais eles conseguiam desviar, mas os galhos, arbustos e outras vegetações rasteiras eram riscos presentes de tombos e escoriações.

Eles seguiram algum tempo, tateando o escuro, com o auxílio das lanternas, até que algumas pessoas começaram a reclamar do cansaço, da sede (os cantis já estavam secos) e que já era hora de voltarem, nesse momento eles pararam e se deram conta que não haviam trazido consigo uma bússola, nem haviam deixado marcações pelo caminho, eles estavam perdidos.

A tensão foi aumentando, o medo era palpável, choramingos já eram presença entre eles, sem falar nas acusações. Alguém lembrou que os musgos cresciam em árvores sempre na parte sul dos troncos, e eles haviam montado o acampamento numa região a sudoeste da mata. Todos respiraram aliviados e foram olhar com as lanternas os troncos, mas a mata era tão fechada no local que havia musgo quase que rodeando todo o tronco, não importava qual árvore eles olhassem, a situação se repetia.

Sem perceber e em desespero, o grupo foi se afastando, se separando, até que todos estavam isolados, sozinhos naquela imensidão verde. O que eles haviam descoberto era que a vegetação era ótima como isolante acústico, por mais que eles gritassem, não conseguiam ouvir nada, nem mesmo os animais.

Ele não sabia o que fazer, então decidiu que andaria em linha reta (se é que isso fosse possível), em algum momento ele sairia na borda da mata, então ficaria fácil chamar socorro e voltar buscar os outros. Aquela parecia ser a opção mais sóbria, ele esperava que os outros também pensassem assim, senão o que era uma diversão viraria uma tragédia.

Enquanto caminhava, ele se lembrou do mapa, da cópia que havia feito, naquele momento achou que deveria ter feito uma cópia para cada um, que poderia ajudar, mas depois se convenceu que ninguém poderia imaginar que eles se perderiam na mata, procurou se tranquilizar, e seguiu em frente.

Aos poucos ele sentiu que as árvores começaram a se espaçar entre si, pareciam indicar que ele estava chegando na borda da mata, o que deixou-o mais animado, fazendo com que andasse mais rápido. Mas ele estava enganado, em sua decisão de andar em linha reta, ele pegou uma direção que só fazia com que ele mergulhasse ainda mais no centro daquela mata, e ele havia chegado numa clareira onde havia um casebre de paredes escuras, que parecia estar abandonado. Cautelosamente ele foi se aproximando e reparando na construção, que já não parecia tão abandonada assim, as janelas tinham vidros inteiros e cortinas, um pneu estava junto à parede, havia sinais claros de que alguém morava ali. Quando estava a poucos passos da escada que dava acesso à entrada, ele estava concentrado, olhando firme para a porta, então apenas sentiu uma pancada na cabeça e o mundo se apagou numa escuridão intensa.