“…
Lá estava ele, sentado no sofá da sala, quase meia-noite, ou seria mais tarde? Desde que deixara de usar relógio por causa do aplicativo no celular ele ficava perdido no tempo quando precisava dar recarga no aparelho e não o tinha a mão.
Mas o fato é que ele estava lá, sentado, à meia luz, com a tv ligada, passava um filme qualquer, um pirata todo colorido fazia micagens e corria numa aventura qualquer no meio do oceano. Isso não importava, ele estava absorto em seus pensamentos, a tv estava ligada para “fazer companhia”.
Seus pensamentos o levavam a ela, uma verdadeira esfinge do tipo “decifra-me ou te devoro”, ele não a entendia. Uma hora parecia que tudo estava bem, depois ela vinha com aquele comportamento estranho, parecia um sério problema de bipolaridade. Se bem que ele não tinha nenhum conhecimento de psicologia ou psiquiatria para diagnosticar aquela doença, era puro chute e bastante preconceituoso como, aliás, a sociedade sempre faz.
Na tv agora o tal pirata corria numa praia com muitos homens atrás dele, mas ele olhava para a tela e não assimilava nada, parecia hipnotizado por seus pensamentos.
Ele não entendia, procurava repassar seus passos, o que havia feito para ela mudar tanto, numa semana era só carinhos, encontros, cinema, tudo era romance, agora ela estava fria, distante, parecia que um diabo havia encarnado nele, tanto que ela o evitava. Aquilo só aumentava sua confusão.
E ele se remoía em pensamentos e tentava analisar de todos os ângulos, mas algo escapava, fugia pelos vãos dos dedos como areia fina. Ele não conseguia captar o que estava acontecendo.
Começaram a correr os créditos do filme e ele não havia chegado a nenhuma conclusão. Levantou-se, consultou se a bateria do celular estava carregada e o colocou no bolso, pegou as chaves do carro e decidiu que iria sair, não iria ficar daquela forma, quem sabe achasse os amigos ainda naquela mesa do barzinho de sempre, um conversa sobre amenidades, na companhia de pessoas despreocupadas poderiam ser que melhorasse seu humor.
Ele desligou a tv e se foi.
…”
Nenhum comentário:
Postar um comentário