É engraçado como o tempo passa, eu lembro bem, foi no começo da minha vida acadêmica em Viçosa, MG, para garantir a indicação do primeiro nome numa lista sêxtupla de candidatos para reitor, os estudantes deflagraram greve e invadiram a reitoria, isso nos anos 1980, o regime militar tinha acabado havia poucos anos.
Ainda havia o ranço do militarismo, a preocupação de qual seria a reação do então governo Sarney, mas tudo foi ordeiro, pacífico até.
Lembro que não houve violência, não houve depredação do prédio, talvez alguns objetos tenham sumido, não sei, mas nada que fosse grave.
Durante o dia, todos ficavam na sala do reitor, jogando baralho ou na varanda do prédio, conversando e namorando, ao final da tarde tínhamos as assembleias para avaliar o movimento e a noite nós tínhamos shows musicais com estudantes que eram músicos, ou sessão de cinema (a velha fita VHS), ou mesmo sarau de poesias, quem dormia no local, escolhia entre armar uma barraca no gramado em frente ao prédio ou levar um colchonete para dormir nos corredores e salas da reitoria.
Havia pessoas responsáveis pela segurança, que se revezavam em vigília, para avisar qualquer movimento repressivo que viesse a acontecer (graças a Deus não houve nenhum).
Porque falo isso?
Nesta semana houve um caso na USP, estudantes foram flagrados fumando maconha por policiais e foram presos.
Nesse caso os policiais estão certos, a maconha não é liberada para consumo, é ilícito, o erro é dos estudantes, e erro maior do Diretório que chamou assembleia, definiu-se greve e movimento contra os policiais.
Mas o pior se deu depois, quando se decidiu acabar o movimento, um grupo dissidente achou que não devia acatar o voto da maioria e invadiram a reitoria da universidade, de forma violenta, com uso de força para arrombar as portas, destruindo câmeras de vídeo.
Ainda me lembro do movimento estudantil idealista dos anos de chumbo, olho para o atual e fico pensando na mudança de rumos que aconteceram, me indagando onde a estrada se perdeu, isso entristece, já que uma das bases de um país forte se dá no estudo e o que vemos mostra que esse tipo de estudante não dá futuro algum para o país.
Um comentário:
Na minha época teve a geração cara-pintada e que dá mto bem p comparar com a "nova" geração: sai geração cara-pintada, entra geração encapuzada. Os rostos escondidos dos alunos na invasão da USP define bem uma outra geração: a "geração internet". "Bato, grito e xingo, desde que seja no anonimato".
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