terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Internet terra da mentira

Acho que já fiz uns três ou quatro rascunhos para falar sobre este assunto, mas sempre fiquei insatisfeito com eles e desisti de publica-los, vamos ver se agora eu consigo abordar do jeito que me convença.

A Internet é terra de ninguém, já vi gente falando que alguns perfis de redes sociais são fakes, que textos ou frases publicadas por esses fakes são mais falsos ainda, enfim, verdadeiro campo minado.

Outro dia falaram de um determinado autor brasileiro, que o perfil de twitter dele era falso.

Eu sinceramente não posso dizer nada, não o conheço, nem ao seu trabalho, mas a forma como foi falada sobre esse perfil ser fake foi muito contundente.

Há cerca de um mês atrás vi uma reportagem no Bom Dia Brasil onde um autor (não lembro seu nome) mostrou como era fácil para “adulterarem” textos na rede.

Ele mostrou à reportagem um texto que havia feito alguns meses (ou seria anos?) atrás e tinha publicado em um blog, não sei que tipo de marcador ele usou, mas ele conseguia seguir o texto, não quem o republicava ou o modificava, e passou a ver que o texto perdeu a autoria, passou a ser “anônima”, depois uma ou outra sutil modificação em seu corpo e, finalmente, uma nova paternidade (alguém atribuiu ele a outro autor), isso acontece com certa frequência e muitas vezes essas ações passam despercebidas.

Somente o autor do texto ou quem conhece bem o estilo dele pode dizer ou não se determinado escrito que circula na rede é ou não de sua autoria, isso acaba sendo muito arriscado.

Não digo que todos os textos são de autoria questionável, mas antes de o replicarmos temos que tomar cuidado.

Um último exemplo.

Em 2001, após o ataque terrorista às torres gêmeas, circulou como viral uma quadra que se atribuía a Nostradamus, um pequeno texto falando de forma aguda contra o Islã e divulgando o medo.

Não me lembro do texto, nem tenho mais ele, pois na hora em que recebi o deletei.

Mas reconheci como falso assim que coloquei os olhos nele.

Como?

Eu tinha um livro que continha todas as 10 centúrias (originais e tradução) que o vidente francês havia escrito.

Explicações: cada centúria é um conjunto de 100 versos de quatro linhas, no caso de Nostradamus escrito em latim e francês antigo. Se não me engano a sétima centúria (o meu livro sumiu faz tempo) está incompleta, pois a Inquisição considerou algumas quadras impróprias e contra a doutrina católica, sumindo com os mesmos.

O fato é que eu tinha lido esse livro umas três vezes seguidas e conseguia conhecer o estilo usado e aquela quadra não tinha nada a ver com ele.

Reconheço que ela era criativa, mas muito oportunista, e cheia de erros, isso para quatro linhas escritas.

A pessoa que escreveu não conhecia nada da obra do francês, senão teria usado uma quadra original dele, que se iniciava falando de “Fogo a 45 graus”, já que Nova York tem um de seus pontos geográficos justamente em 45° (não sei se de latitude ou longitude) e ficaria mais fácil de adaptar a quadra àquela realidade.

É, a Internet é terra de ninguém e temos que tomar muito cuidado com ela.

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