Os anos 1980 são uma incógnita, muitos consideram uma década perdida, outros trazem boas recordações da época, até um Almanaque foi publicado sobre esse decênio.
Não vou abordar lados bons ou ruins, mas um tema específico: alguns personagens dos quadrinhos nacionais, mais especificamente da saudosa revista Chiclete com Banana.
Foi nela que personagens como Rê Bordosa, Os Skrotinhos, Wood & Stock, Meia Oito e Nanico, entre tantos outros passearam trazendo consigo o humor cortante de Angeli, sempre ambientado numa grande metrópole e com temas que espelhavam bem a época do fim do regime militar e da abertura democrática, com algumas participações especiais de outros nomes importantes dos quadrinhos nacionais, Glauco e Laerte.
Os personagens já saiam em tiras de jornais de circulação nacional e foram reunidos na publicação, para maior divulgação (além, obvio, do interesse financeiro, haha).
Engraçado como a vida imita a arte, muitos anos antes de Amy Winehouse surgir, a Rê Bordosa era a porraloca nacional, vivia de ressaca na banheira, depois de noitadas bebendo de tudo, muitas vezes com o adicional de sexo selvagem (nunca mostrado, mas insinuado) e com grandes crises de perda total de memória.
A personagem foi ganhando tanta importância e, para a patrulha do Politicamente Correto (que na época não tinha a força de hoje), influenciando de forma errada a juventude, que seu autor acabou escrevendo uma saga: “Rê Bordosa, a morte da Porraloca”, onde acompanhamos seus últimos dias de boêmia ébria e sua morte, deixando os fãs saudosos.
Mas além da Porra Louca existiam outros personagens, Meia Oito e Nanico formavam a última resistência contra a ditadura, lembrando dos anos de luta, da militância e muito mais, que eles nunca viveram realmente, sem contar o detalhe que Nanico atribuía sua queda para a homossexualidade ao regime militar.
Para protestar contra tudo e contra todos, vinha dos esgotos da grande cidade o punk mais nojento que se viu, Bob Cuspe, que tinha um argumento infalível para qualquer discussão, uma escarrada que poderia ser comparada a um pequeno córrego, tamanha a sua fúria visceral.
Os sem noção da “night”, os Skrotinhos eram dois irmãos que sacaneavam a tudo e a todos, com tiradas absurdas, desde cantadas baixas até situações improváveis para a época (como sacanear pregadores antes deles se tornarem multimídia).
Wood & Stock era os bichos grilos da revista, vivendo ainda na atmosfera hippie das décadas anteriores, fazendo a cabeça com baseados de orégano, lembrando dos tempos da banda, curtindo rock psicodélico.
Recentemente, coisa de uns três ou quatro anos, foi realizado um projeto e Wood & Stock tiveram suas histórias levadas para as telas, "Wood & Stock - Sexo, Orégano & Rock'n'Roll, com direito a participações especiais dos outros personagens, eles resolvem reativar a banda para arrecadar algum dinheiro e se divertir novamente, com participação de Rita Lee nas dublagens, o filme trás momentos engraçados, como o fato de o vocalista da banda ser um porco de estimação, mas o principal, quando o humor é bem feito, as personagens nunca morrem.
Segue o trailer do filme:
Um comentário:
É muito bom vir aki no seu cantinho, me deliciar com seus textos e aprender muitooooo...
Bjs... :)
Postar um comentário