Quadrinhos para adultos sempre quis dizer que tinham conteúdo erótico, aliás, apelo, já que conteúdo a grande maioria nunca teve.
Não é o caso de Neonomicon. Sim, ele tem algumas cenas mais voltadas para o sexo, mas o seu conteúdo é rico e o pouco que há de erótico não é apelativo.
Também, convenhamos, Alan Moore constrói seus argumentos com eficiência e qualidade, sem a necessidade de ganchos apelativos, se na história há algum elemento, este foi colocado ali porque fazia parte do todo.
No caso, o todo é o que mais surpreende.
Trata-se de uma grandiosa homenagem a H. P. Lovecraft e sua obra.
Lançada no Brasil como uma grafic novel com 188 páginas, ela originalmente é dividida em duas minisséries, O Pátio (em duas partes) e, o próprio, Neonomicon (em quatro partes), que são intimamente ligadas entre si e trazem impregnadas em cada quadro toda a influência que o universo lovecraftiano poderiam oferecer.
Lá encontramos a linguagem Aklo, os cultos rituais a deuses ancestrais, criaturas abissais (quem se lembrou de Cthulhu?), os túneis quilométricos onde o mal prolifera, a cidade de Salem (que é citada e serve de inspiração para alguns cenários de seus contos), fica difícil enumerar tudo, mas o trânsito é livre para todas as referências.
A grande diferença entre esta obra de Moore e a obra de Lovecraft são os desenhos magistrais de Jacen Burrows, que dão menor margem de imaginação ao leitor, mas ainda assim argumentista e desenhista trabalham de forma que exista espaço para que a imaginação funcione tão bem quanto em um livro, obra para ler e reler.
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