“…
(tchug, tchug, tchug)
Aquele barulho já estava incomodando, afinal, a viagem estava apenas começando, mas três horas dentro daquele trem parecia uma eternidade, toda a novidade já era velha, até mesmo a paisagem congelada que corria pelas janelas não despertava mais nenhuma atenção.
Ela nunca havia saído de sua cidadezinha (um pequeno vilarejo perto das montanhas) e agora estava ali, naquele famoso trem, indo para a Capital. Sua imaginação estava a mil, o que ela veria em primeiro lugar? Será que tudo era como ela tinha lido nas poucas revistas que tivera acesso?
(tchug, tchug, tchug)
Ela se lembrava daquele livro, aquele que contava um mistério que se passava naquele trem. Sim, era ficção, nunca um crime tão perfeito como aquele aconteceria na vida real, não num espaço tão limitado como aquele, onde não há possibilidade de fuga para um criminoso…
Mas, já que o tédio era grande, nada mais a entretinha, porque não sair de sua cabina e ir ao vagão restaurante, observar os outros viajantes? Só por brincadeira, imaginar o que eles fazem da vida, porque estão viajando naquele trem, justamente nessa viagem. Uma brincadeira de imaginação, afinal, nisso ela era boa.
(tchug, tchug, tchug)
Uma última olhada pela janela antes de sair da cabina, ela estremece de frio só de observar o pequeno rio congelado que passa lá embaixo, mal se vê a água, só gelo e neve, um ambiente desolador.
Então ela se levanta, arruma suas roupas, veste o casaco, o cachecol e as luvas, abre a porta e sai…
…”
(Devaneios sobre uma foto de um riacho no inverno e uma pequena homenagem a um clássico da literatura)
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