terça-feira, 10 de janeiro de 2012

De adaptações e comparações

Outro dia estava falando com uma amiga sobre uma série de livros quando surgiu no assunto o fato de que o primeiro livro da série havia sido transformado em filme.

Ela estava curiosa para assistir e eu falei que já tinha visto e que não gostara muito, ela contra argumentou que quem havia indicado falou que o filme era bom.

Eu pensei, pensei e cheguei à seguinte conclusão:

Tudo depende do ponto de vista, ou melhor, do que você viu primeiro, se o livro ou o filme.

Peguei dois exemplos meus, um onde eu vi o filme primeiro e outro onde eu li primeiro.

Eu assisti o filme antes de ler o clássico de Umberto Eco, O Nome da Rosa.


Tudo bem, o italiano é detalhista, quase esquizóide quando começa a contar uma história, para se ter uma ideia (que não leu o livro), ele começa a descrever o convento onde se passa a trama com figuras geométricas, se você ficar na leitura apenas vai se perder, agora, se começar a colocar no papel as figuras geométricas sobrepostas, conforme a descrição… vai ficar mais perdido ainda.

Na verdade eu nunca tentei desenhar as figuras, mas mesmo tendo boa noção de desenho técnico, eu não sei se conseguiria colocar no papel os detalhes da descrição.

Para que estou falando de tudo isso?

Simples, para dizer que apesar de toda riqueza de narração, de construção de personagens, do modo como tudo vai envolvendo o leitor, eu não conseguia criar uma imagem para o Monge Baskerville, o personagem principal, sempre eu via o ator que dera vida a ele no filme, Sean Connery.

Eu li primeiro a trilogia Senhor dos Anéis, mesmo com toda a tecnologia desenvolvida por Peter Jackson, pela forma bastante fiel com que ele tratou a narrativa, a caracterização dos personagens, toda a tecnologia empregada nos efeitos especiais, as criações do Balrog e de Gollum, eu achava que algo estava errado, afinal, eu usava a imaginação e viajava longe enquanto lia as aventuras de Frodo e seus companheiros, e para a imaginação não há prisões, você tem uma linha narrativa e cria o resto conforme você quer.


E olha que dizer que o filme o Senhor dos Anéis deixou algo faltando é muito difícil.

Acho que o filme adaptação que mais me agradou foi Watchmen, por um motivo, ele foi adaptado de uma História em Quadrinhos, ou seja, o diretor teve que fazer algumas adaptações para coisas que seriam impossíveis de se fazer (mesmo com toda a tecnologia de hoje em dia), mas no geral, ele já tinha a History Board pronta, era só chegar para suas equipes técnicas e perguntar, “Isso dá para fazer? Vai ficar igual?” Quando a resposta era sim, ficava mais fácil.


Convenhamos, os visuais de Roscharch e da nave do Coruja são de cair o queixo, O Senhor Manhatan está muito bom, além de outras coisas que só quem tem os quadrinhos e o filme para ficar vendo um e outro e comparando tudo.

Voltando à discussão inicial, o filme em questão era bom? Era ruim? Não sei, eu li o livro primeiro, portanto cai no erro de comparar um com o outro, não gostei.

E a pessoa que indicou o filme, será que havia lido antes?

Gostos e percepções, difícil ter um padrão para fazer comparações, o certo é não criarmos expectativas e se divertir tanto com um bom livro, quanto com um bom filme.

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