No final dos anos 1980, os EUA assistiram a segunda grande invasão cultural britânica.
A primeira havia acontecido 20 anos antes, com as bandas de rock, dessa vez era realizada por escritores, roteiristas e desenhistas de Histórias em Quadrinhos, que haviam sido contratados pelas grandes editoras americanas para dar um “up” em suas publicações.
Um desses escritores foi Neil Gaiman, contratado pela DC Comics.
Coube a ele reestruturar um personagem chamado Sandman, um herói secundário dos anos 1940 que tinha como arma uma pistola de gás, usada para causar sono e pesadelos em seus inimigos.
Mas Gaiman fez uma proposta à editora, ao invés de reformular o herói ele criaria um novo personagem com o mesmo nome do velho herói e lhe daria um Universo que poderia ou não interagir com o Universo de Heróis da Editora, a ideia acabou sendo bem recebida e Gaiman pode então usar toda sua imaginação e criar o Sonhar.
Valendo-se do fato que Sandman era uma lenda dos países de língua inglesa para um ser mágico que jogava areia nos olhos das crianças para estas dormirem, Gaiman criou o personagem como o senhor do sono, denominado Sonho ou Morpheus.
Ele não seria um deus, mas um Perpétuo, um ser que existiria até o fim dos tempos, enquanto houvesse um ser que necessitasse dormir para repor suas energias, pois durante o sono sua mente alimentaria o Sonhar e todos seus habitantes.
Gaiman começa a explorar o personagem, seu reino e habitantes, criando fábulas de suspense e terror nunca vistas antes nos quadrinhos.
Ele usou lendas de diversos países sobre criaturas que habitam os sonhos e pesadelos, alguns personagens tradicionais do selo de suspense da DC e criou outros tão impressionantes quanto o próprio Morpheus.
Mas ele não parou aí, como existe o ditado que fala: “O sono é o irmão mais novo da Morte”, Gaiman criou uma irmã mais velha para Morpheus, justamente a Morte.
Mas não aquela imagem que conhecemos, não o Ceifador Sinistro, e sim um bela mulher, sedutora, descolada, bem humorada, enfim, um ser exalando “vida”.
E ele não parou por aí, resolveu criar uma “família” de Perpétuos, todos com suas características e personalidades, todos ligados aos seres vivos.
São eles Destruição, Desespero, Delírio, Desejo e Destino, fechando assim o círculo familiar dos Perpétuos.
Um detalhe que foge à tradução, no original (inglês) todos os Perpétuos tem o nome começando com a letra “D”, são eles: Doom, Despair, Delirium, Desire, Destiny, Dream e Death.
A série original teve um total de 75 edições, onde é contada toda a saga de Morpheus, mas ela originou diversas minisséries e edições especiais, utilizando outros personagens, explorando toda a riqueza que o tema trás.
Enfim, um conto de fadas que nos faz encarar de uma forma diferente o simples fato de dormir.
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