quarta-feira, 31 de outubro de 2012

De carona e fantasmas

“…

Era tarde da noite, quem sabe que horas ao certo, talvez meia-noite? O fato é que ele estava circulando pela cidade sem rumo, olhando apenas a enorme lua cheia que dominava o céu quando viu na calçada, ao lado de um muro que parecia não ter fim, uma vestida com um vestido de aparência simples.

À medida que se aproximava ele achou que sua silhueta bonita, ela era esguia, estatura mediana, cabelos abaixo dos ombros, ela andava lentamente no mesmo sentido do carro, motivo pelo qual ele só via suas costas.

Quando se aproximou dela, ele reduziu a velocidade e abriu o vidro da janela do passageiro para poder chama-la, quem sabe ela aceitaria uma carona. Quando ficou ao lado da mulher, ele pressionou a buzina com a mão, para chamar-lhe a atenção e em seguida a chamou, ‘ei, gostaria de uma carona?’

Ela parou, olhou-o com um olhar inexpressivo, titubeou um pouco, mas acabou acenando positivamente com a cabeça. Ele destravou a porta e a abriu, ela se aproximou e entrou. Nesse momento, mesmo com o calor que fazia, a temperatura do carro pareceu baixar.

Ele se apresentou e perguntou para onde ela estava indo, que ele a levaria sem problemas. Ela pediu que se dirigissem para qualquer igreja, não havia preferência, qualquer uma estaria perfeita.

Ele soltou o freio de mão e começou a acelerar, com o cuidado de não ir muito rápido, ele queria que a viagem fosse demorada para poderem conversar, ela o intrigava muito.

Começaram conversar trivialidades e, apesar de parecer mais jovem que ele, ela começou a contar particularidades sobre a cidade de muitos anos atrás como se ela a conhecesse muito bem. Ela falou sobre a velha estação de trem, das pequenas lojas dos libaneses que ficavam nas proximidades, das casas antigas que foram derrubadas para dar lugar ao shopping, contava tudo com ricos detalhes. Ele chegou a duvidar dela, achando que ela estivesse inventando todas aquelas coisas só para distraí-lo e não revelar coisas sobre si.

Depois de algum tempo, ele perguntou como ela sabia de tudo aquilo se ela parecia ser tão jovem, então ela falou, ‘eu vivi aqui há cinquenta anos, fui assassinada a facadas e hoje eu vago pelas ruas da cidade sem descanso por causa de uma maldição de vingança que meus familiares rogaram contra o assassino, estou fadada a caminhar sem descanso por esta cidade até que ele queime no fogo do inferno.’ e em seguida desapareceu.

Ele quase bateu o carro com o susto que levou e dirigiu o mais rápido que pode para sua casa, jurando a si mesmo que nunca mais dirigiria à noite, a esmo, num dia 31 de outubro.

…”

(Devaneios sobre lendas urbanas que se propagam no Dia das Bruxas)

terça-feira, 30 de outubro de 2012

De cinema e tango

Numa conversa que tive hoje sobre filmes, o assunto recaiu sobre Perfume de Mulher, sendo que a pessoa com quem conversava falou que não havia assistido a esse filme.

Esse é o filme onde Al Pacino dá um show de interpretação no papel de Frank Slade. Ele é um tenente-coronel dos exército dos EUA que é obrigado a ir para a reserva por ficar cego, isso o deixa amargurado. Chris O’Donnell é Charlie Simms, um universitário que é contratado para tomar conta de Slade durante um feriado de ação de graças enquanto os familiares do velho militar viajam.

Slade convence Simms a viajarem também, para Nova York, aonde o universitário aprende valiosas lições de vida com o veterano, entre elas que no Tango não tem erro, numa das cenas mais antológicas que o cinema já viu.

E é ela que vale esse post.

domingo, 28 de outubro de 2012

De recado das urnas

E um assunto chato e que ninguém gosta, mas, de novo a democracia aconteceu hoje em 50 cidades do país, onde houve 2° turno nas eleições para Prefeito.

Não sou cientista político, nem nada do gênero, só um curioso que a cada dois anos fica com o sangue instigado pela política. Não me candidataria nunca, não por medo de perder, mas porque acho que no panorama da política brasileira o que menos existe é ética, e eu não teria estômago para isso. Mas eu gosto de política, o que posso fazer, vou falar a respeito.

Vou falar mais especificamente de duas cidades, Campo Grande e São Paulo, por motivos pessoais. Uma porque moro, a outra porque eu adoro aquela megalópole.

Em ambos os casos, os resultados foram significativos, mostrando que a política sempre singra ventos obscuros e inesperados.

Em ambas as capitais, os candidatos que agora foram derrotados eram favoritos, um nome forte de seu partido e ex-candidato à presidência da república, o outro afilhado político do governador e afiliado ao partido que governava a cidade há mais de 20 anos. Ambos passaram para o segundo turno representando uma continuidade de governo, uma segurança pelo fato de a população conhecer o tipo de governo, esse foi o discurso dos dois.

Outro discurso usado foi o que ambos teriam a maioria dos vereadores na câmara legislativa, que isso facilitaria aprovação de leis que facilitassem a condução das cidades. Só que ambos se esqueceram de que Política é a arte da negociação, que é democrático uma oposição atuante no legislativo para que o executivo se articule para conseguir aprovar mudanças que realmente sejam essenciais à cidade e que representem mesmo progresso, o que dificilmente acontece quando legislativo e executivo comungam a mesma cartilha.

Seus adversários representavam a mudança, o novo, e enfrentavam a desconfiança dos setores conservadores da sociedade, que preferiam a continuidade dos atuais governos. Em ambos os casos no segundo turno esses candidatos conseguiram apoios de candidatos derrotados no primeiro turno, não que exista a transferência de votos, não é isso, mas mostrando que o tempo que esses partidos e grupos políticos estavam no poder havia criado um grande desgaste, também mostra que mesmo adversários históricos (no caso do MS) podem deixar diferenças de lado para enfrentar um adversário em comum.

Tudo isso refletiu nos números que hoje saíram das urnas, mandando um recado forte que não adianta se manter no governo, tem que estar sempre trabalhando para a melhoria da população, afinal, foi para trabalhar para o povo que eles foram colocados lá.

Agora nos resta aguardar os novos governantes municipais começarem a trabalhar, para sentirmos se as confianças depositadas nas urnas se confirmam e, tenho certeza, o desempenho de ambos refletirá enormemente nas próximas eleições estaduais,

De brincadeira real

“…

Ele se lembrava da infância, quando vibrava na frente da televisão vendo aqueles filmes de guerra, primeiro clássicos da 2ª Guerra Mundial, ver os nazistas e os japoneses serem vencidos era muito inspirador, depois foi o drama do Vietnam, ver o sofrimento naquelas selvas escaldantes, os franco-atiradores, o desafio parecia hercúleo.

As brincadeiras com os colegas de escola e da rua de casa, soldados em luta imaginária contra um inimigo invisível, afinal ninguém queria ser o bandido, estratégias, objetivos, até parecia ser verdade.

Mas o tempo foi passando, as aventuras mudaram, os interesses evoluíram, até que chegou uma encruzilhada. Agora, não era mais brincadeira, agora qualquer descuido seria o último, era real. Estar ali, usando aquela farda não era imposto, foi opção. Ele havia se alistado, não convocado.

O que ele não esperava era que a situação complicasse do outro lado do mundo, que entre os listados para ‘pacificar’ aquela rebelião estaria ele. Ele estava preparado para o combate, não era essa a preocupação, o que ele não queria era morrer longe de casa, não poder mais ver seus pais, sua família. Poder ficar contrariado quando tentavam mima-lo como quando era criança, mesmo intimamente gostado.

Agora não era brincadeira, não só a vida dele, mas de seus companheiros de armas estavam nas mãos dele. Um deslize e tudo acabaria. A atenção tinha que ser total.

…”

(Devaneios sobre uma foto do treinamento dos Mariners Americanos)

sábado, 27 de outubro de 2012

De versos e lendas da Terra Média

Uma coletânea de versos e trovas dos Hobbits, assim podemos definir o livro As Aventuras de Tom Bombadil.


Ao todo são 16 pequenas histórias sobre lendas e tradições narradas na forma de versos e que contam sobre Tom Bombadil, Elfos, Ogros e outros personagens da Terra Média.

As narrativas, em si, não influenciam em nada a mitologia do universo criado por Tolkien, apenas mostram pequenas histórias que teriam sido criadas por Hobbits antes que Bilbo e Frodo saíssem em suas aventuras e que se perpetuaram entre os moradores do Condado e proximidades.

A curiosidade é que o esmero com que Tolkien teve para com sua criação, o trabalho de tradução para o nosso português foi realizado por dois profissionais diferentes, um mais voltado para poesia enquanto que o outro especializado nas obras do renomado escritor. Isso garantiu ao todo duas versões para cada história, com muitas semelhanças, mas algumas pequenas diferenças, mais verificadas na métrica e rima do que no corpo do texto em si.

Um livro diferente sobre o tão idolatrado universo de O Senhor dos Anéis.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

De memórias incríveis

Não dá para chamar de uma autobiografia, está mais para um livro de memórias, memórias musicais, loucas e divertidas. Assim é “Os Incríveis Anos 60 e 70… e Eu Estava Lá”.


O baixista da banda de rock Os Incríveis conta muito da sua trajetória no mundo da música desde que começou com uma banda de garagem até o seu auge, e o pós-sucesso, quando depois do fim da banda ele torna-se um músico de estúdio e tocando com alguns amigos em projetos especiais.

Ao longo das páginas vemos as diferenças da época para hoje, não só de tecnologia de gravação e instrumentos, mas também a forma como eram trabalhados os lançamentos das músicas e discos, apesar do amadorismo, era mais apaixonado e, com certeza, mais autêntico, muitas vezes com verdadeiras maratonas de rádio em rádio para entrevistas, canjas e sessões de autógrafos.

Ele também conta passagens ao lado de nomes como Roberto Carlos, Elis Regina e Raul Seixas entre outros, conta a existência de álcool e drogas no showbiz já naqueles longínquos anos. As maluquices que faziam para obter as manchetes e ajudar na escalada para o sucesso. Os desafios das pequenas turnês pelo interior do estado de São Paulo, a aventura de tocar no meio de um garimpo.

Uma breve e deliciosa viagem por parte da história da música brasileira, uma gostosa diversão.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

De batalhas, amores e pó

E a trilogia chega ao seu fim. Com momentos épicos, momentos de pura ternura, momentos de anticlímax. Assim podemos resumir A Luneta Âmbar.


Conforme tudo indicava, as peças que se moviam no tabuleiro de xadrez medem suas forças, numa guerra com batalhas sangrentas, tendo, de ambos os lados, seres de todas as formas e inimagináveis, diminutos como liliputianos, etéreos e fantasmagóricos, providos de pelos ou de penas. Ambos os lados se devotando ao máximo para que a vitória lhes sorria.

Em meio a tudo isso, Lyra e Will iniciam uma jornada a um mundo proibido, aonde eles irão resgatar dívidas e poderão, inconscientemente, mudar o rumo da contenda.

Paralelamente conhecemos um mundo onde a paz e a inocência permeia seus habitantes, que ficam totalmente alheios à guerra e apenas se preocupam com as grandes mudanças que estão presenciando e como elas influenciarão tudo a sua volta. O que eles não sabem é que ali acontecerão os atos cruciais e derradeiros de toda a disputa, onde uma nova tentação será apresentada naquele paraíso e como isso repercutirá na vida de todos.

Apesar de o final ficar parecendo que algo faltou, que tudo está inacabado, o livro é uma boa diversão.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

De tempo da jornada

E o filme mais aguardado do ano tem novidades…

Todo mundo sabe que ele já está em fase de pós-produção, ou seja, as filmagens já acabaram e agora Peter Jackson e as equipes técnicas estão trabalhando na montagem final do filme, é nesse momento que, por exemplo, Gollum adquire seus contornos finais.

Havia muita especulação sobre a duração do filme, falavam em duas horas, duas horas e quinze minutos, mas na última entrevista coletiva Jackson desfez o mistério.

Quer dizer, desfez em partes, ele falou que até o presente momento ele tem em mãos cerca de duas horas e quarenta minutos de material, isso mesmo 160 minutos de cenas, trabalhadas ou não, e, segundo ele, ainda não foram inseridos os créditos finais e outros detalhes. Isso quer dizer que Uma Jornada Inesperada é o filme das franquias relacionadas à obra de Tolkien que terá a menor duração.

A pergunta: ‘E isso importa?’

Não, pelas imagens já apresentadas em trailers e fotografias podemos ver que o filme vai ser outro show de adaptação. Chega logo dezembro.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

De culinária e ogros

Não conheço o jornalista André Barcinski, nem mesmo o seu trabalho na folha, porém, lendo hoje a resenha de “Guia da Culinária Ogra – 195 Lugares Para Comer Até Cair”, eu achei interessante.

Não sei se comprarei o livro, mas ficou claro que ele é diferente, já que acaba mostrando lugares diferentes onde você pode comer bem e pagando o preço justo. A premissa de André é não se deixar enganar por classificações de estrelas, ou nomes enrolados, ou chefs famosos, pois nem sempre essas qualificações representam boa refeição.

Pelo que li, discordo de um ou outro ponto de vista dele, mas aí é mais questão de opinião pessoal e não me cabe falar contra sua opção, mas no geral em muita coisa acho que ele está certo (ou seja, eu sou um ogro para comer, hahahahaha).

Outra coisa que me chamou a atenção, o guia não é nacional ou internacional, é específico para a cidade de São Paulo (olha de novo a cidade cruzando o meu caminho, adoro essa megalópole), pois ele vem acumulando conhecimentos sobre os restaurantes paulistanos a aproximadamente 15 ou 16 anos e, por sua opinião, a pessoa tem que conhecer bem a cidade para fazer um guia nesse modelo.

Agora, a grande pergunta: ‘Se você não leu o livro, nem tem certeza se o comprará, porque está falando dele?’

Porque numa das resenhas que li é feita uma lista com sugestões (ou mandamentos) para a Culinária Ogra e eu achei de boa oportunidade reproduzi-la aqui. Então, sem mais enrolação, vamos a eles:

DEZ MANDAMENTOS DOS TEMPLOS OGROS

  1. Não pode ter o nome começando por “Chez” ou terminando em “Bistrô”;
  2. A comida precisa ocupar ao menos 85% da área total do prato (de preferência com uma taxa de ocupação de mais de 100%, com bifes que caem pelas bordas);
  3. Não pode ter “Chef” e sim “Cozinheiro”;
  4. Não pode ficar dentro de shopping (nada mais deprimente que praça de alimentação);
  5. Algumas palavras são terminantemente proibidas nos cardápios: “nouvelle”, “brülée”, “pupunha”, “espuma”, “lâmina”, “lascas”, “redução” e “contemporânea”;
  6. Não pode ter “menu” e sim “cardápio”;
  7. Os garçons não podem ser modelos, manequins ou atores, mas, de preferência, velhos e feios;
  8. Os garçons precisam passar no teste da colherinha, que consiste em servir arroz com uma só mão, juntando as duas colheres, sem derramar um grão sequer;
  9. A bebida servida no local tem que “descer bem” e não “harmonizar”;
  10. O teste final: se o garçom, ao ser perguntado ”O que é ‘El Bulli’?”, responder qualquer coisa que não seja ”é onde eu sirvo o café”, o restaurante está sumariamente eliminado.

Ainda existem mais duas dicas, que seguem.

  1. Eu acho que se o restaurante que não tem site ou que tem o site dos mais vagabundos é um ótimo sinal. Se o cara está muito preocupado com o site, não está preocupado com o restaurante;
  2. Adoro ir naqueles restaurantes que têm fotos com celebridades ou pseudocelebridades. É até meio brega, mas muito engraçado. Acho simpático a pessoa achar que aquilo está valorizando o restaurante, já que não pode ter o nome em um guia gastronômico.
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

De agonia na penumbra

“…

Há quanto tempo ele andava, dias, semanas… ele não sabia, tudo o que via era aquela pouca claridade, aquela luz desbotada, que não ajudava em nada.

Cada passo que dava ressoava em seu ouvido, o esmagar da vegetação seca, a pisada ressoando, qualquer sussurro era um grito naquele lugar silencioso e sombrio. Para qualquer lugar que ele olhasse, desde que conseguisse ver algo naquele mundo apagado, era igual, apenas sombras e vazio, nem mesmo um ser vivo, nem mesmo um camundongo, uma barata, nada ali para dizer que ele estava num mundo vivo. Nem o ar soprava ali, era tudo parado, abafado, seco… uma opressão constante que ao mesmo tempo em que lhe obrigava a dar um passo atrás do outro, o impelia a ficar parado.

Tudo isso, sem falar da sede e da fome que ele sentia, não tinha noção de quando fora a última vez que havia colocado algo na boca, isso o fazia começar a se convencer que não estava vivo. Como ele podia estar a tanto tempo sem se alimentar e se hidratar e não sentir fraqueza? Tudo parecia irreal.

Quando ele já estava começando a desistir, quando qualquer esperança já se esvaia por entre os vãos dos dedos, ele viu no canto de seu olho um movimento diferente, algo fugia de tudo o que ele estava habituado a ver. Vagarosamente ele virou o pescoço para aquele lugar, olhou, piscou os olhos, primeiro devagar, depois depressa, fechou os olhos e tornou a abri-los, ele não acreditava, no alto do galho de uma árvore seca, lá estava, um pássaro preto, que parecia orgulhar-se de si, peito inflado, movendo o bico rapidamente, olhando para os lados. Um sinal inequívoco de vida.

Seu perfil, desenhado pela claridade parca daquela lua, era vivo, era real, era tudo o que ele duvidava de si mesmo havia poucos minutos. Mas, como fazer, como se aproximar sem espanta-la, e o que faria quando se aproximasse o suficiente da ave? Tentaria apanha-la para comê-la, mesmo que crua? Ou tentaria se comunicar? Tentar se fazer entender? Perguntar que lugar era aquele, como sair dali, se haviam outras pessoas como ele naquele lugar? Um dilema, ou a necessidade de sobrevivência ou mil questionamentos que poderiam ajuda-lo a fugir dali.

Ele achou melhor decidir o que fazer quando estivesse mais próximo do pássaro, mas derepente… CRASH… um passo em falso, um galho seco partido sobre seus pés, um barulho ensurdecedor naquele ambiente… o pássaro olhou para o lado dele, abriu as asas e alçou voo para o desconhecido, deixando-o ali, sem ação, solitário, desesperado.

…”

(Devaneios sobre uma ilustração cujo autor não está creditado)

domingo, 21 de outubro de 2012

De missão rio abaixo

“…

Aquela missão era fundamental, a paz ou a guerra dependeria da ação deles.

Descer infiltrados pelo rio, como se fossem simples pescadores, observar os postos de guarda, as fraquezas deles, bem como seus lugares mais fortificados. Isso era importante, mas secundário naquela missão.

O primordial era chegar à capital daquele reino, contatar os agentes infiltrados, descobrir porque as comunicações haviam cessado, pegar todos os documentos que estivessem disponíveis. Se ainda houvesse segurança para aquela célula de espionagem, ajudar no que pudessem para recuperar a estrutura das comunicações, caso contrário, resgatar todos e leva-los em segurança para casa.

Eles estavam em quatro oficiais, todos bem treinados, com experiência em combate, mas isso não os deixava tranquilos, havia quase um mês que o comando não recebia notícias da célula, então ninguém sabia se a missão estaria em território hostil ou não.

Ninguém questionava os seus superiores, o motivo político deles, se queriam uma guerra para expandir seus territórios, eles apenas fariam o que lhes fosse designado. O mais importante era a sobrevivência, viver mais um dia, ver um novo alvorecer…

E lá iam eles, descendo calmamente as águas daquele rio…

…”

(Devaneios sobre uma fotografia de Misty Dawn – Coreia)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

De estupidez humana

Estou enrolando hoje para escrever, mas é que eu penso nesse assunto e fico sem ação. É muita crueldade, muita falta de humanidade, não sei definir.

Em questão de dois dias em diferentes países tivemos notícias de maus tratos a animais, aqui no Brasil e na França.

Aqui foi o filho da proprietária que batia nos cães enquanto lhes dava banho. Lá foi um pobre cachorro que recebeu uma dose de veneno e foi enterrado vivo, por milagre um transeunte viu o monte de terra tremer (talvez uma convulsão do cachorro pela intoxicação) e conseguiu desenterra-lo em tempo de salvar-lhe a vida.

Não sei falar, como uma pessoa faz uma coisa dessas?

Eu pensei, tentei escrever alguma coisa, mas não dá… é muita frustração, não consigo colocar em palavras, eu tentei…

Esse é Ethan, o cão francês que foi envenenado e enterrado vivo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De trilhas e caminhos



“…

Foi assim, eu esperava que tudo ficasse bem entre nós. Por você moveria mundos, me deitaria de bom grado sobre uma cama de pregos.

Mas você não quis assim, você está ausente e eu aqui, sem saber o que fazer, o que pensar, o que esperar. Mas ainda assim, eu espero você.

Agora olho para o que tentei construir ao seu lado, vejo que foi ilusão, muita ironia eu achar que o destino havia nos unido e que nada mais daria errado.

Mas tudo se desfez, como se uma tempestade chegasse e com seus ventos e chuva forte levasse tudo embora. Eu não entendi nada, não sei e não entendi o que aconteceu, como aconteceu.

Queria trilhar ao seu lado, queria… mas estou preso, como se estivesse todo amarrado, impedido de seguir contigo.

Só me resta seguir minha vida, com ou sem você.

…”

(Devaneios sobre uma foto de Point Reyes, Califórnia e influência da música With or Whitout You do U2).

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

De memórias do passado

“…

Esse é um ritual que honra nossos antepassados, nossa história, nossa nação.

E pensar o quanto ela já foi orgulhosa, cavalgava nessas pradarias atrás dos bisões, comungava com os espíritos da natureza, éramos soberanos de tudo, sempre respeitando a mãe terra, tirando somente o necessário para vivermos bem.

Foi assim por incontáveis luas, inúmeras gerações, até que… ah, até que o homem branco chegou, com sua ganância, com suas armas de fogo, com seus grandes cavalos de ferro, com sua língua mentirosa que seduziu e ludibriou nossos antepassados. Eles queriam tudo, queriam tudo só para eles, não nos respeitavam, não respeitavam a mãe terra…

Eles mataram quase todo o meu povo e os povos nossos irmãos, com suas doenças, suas armas e seu exército. Trouxeram a fome, matando os animais sem estarem com fome, só para rirem ao vê-los cair.

Hoje somos poucos, a maioria vivendo em reservas, mas nossa história não morre, ela sobrevive em mim e em todos nós, e na nossa tradição, honrando sempre nossos ancenstrais.

…”

(Devaneios sobre uma foto de um índio Oglala Lakota)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

De corrida do ouro

“…

Água. Não tenho certeza que o caminho seja este, aqueles sujeitinhos pareciam avessos a banho e não tinham cara de que sabiam nadar. Mas o mapa indica que o caminho é por aqui mesmo, curioso.

Será que eu estou lendo certo esse mapa? Espere aí. Sim, a linha aqui representa o curso d’água, o caminho segue mesmo por aqui.

‘Um prêmio’, diziam eles, ‘um pote cheio de ouro que nunca fica vazio’.

E o idiota aqui, ganancioso como ninguém aceitou fazer o serviço. Pegar um mapa roto e rasgado e se embrenhar na mata sozinho. Acreditar em duendes, gnomos e leprechauns, só eu mesmo.

Mas aqueles caras eram estranhos, baixa estatura, sujos demais, cabelos vermelhos, usando verde… se for um trote tenho que parabenizar o grande filho da puta que bolou a história e o cara que preparou a maquiagem deles, era muito convincente.

Mas, vamos parar de pensar naqueles ‘duendes’, vamos ver como seguimos a trilha, eu não quero me molhar, já chega o cansaço e os mosquitos, ficar com as roupas encharcadas não é opção.

Pedras com limo, quer dizer que são muito escorregadias, pular de uma até a outra não dá, paredes altas, não dá para saber o que me espera lá em cima, de repente posso perder a trilha, escalar, então, é fora de cogitação.

Nenhum tronco parece forte o suficiente para me sustentar como se fosse um bote, parece que não há lugares para jogar um gancho com a corda. É, parece que vou ter que me molhar.

…”

(Devaneios sobre uma foto da natureza)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

De apertos no mar

“…

Que ideia genial, passar um fim de semana num barco (tá, ela dizia iate, era mais chique), em alto mar. Coisa de rico.

‘amigos’ da alta roda, viagem de graça, camarote de luxo. Humpf, um bando de trouxas, sanguessugas, um tem um pouco mais de grana e surgem as ‘varejeiras’ atrás do vil metal.

Mas, era aniversário de namoro, eu queria algo mais intimista, ela não, no diálogo ela me convenceu. Porque eu sou tão ruim de oratória? Agora estaríamos numa boa, num bangalô numa cidade turística. Bom, não adianta reclamar.

Na verdade tudo até que ia bem, cheguei a pensar que realmente esse final de semana ia ser bom, mas…

Quando se tem muito dinheiro e ostenta-se isso quase sempre dá errado. Sabia que na costa africana existiam piratas modernos, que abordavam, saqueavam e sequestravam pessoas que estavam em navios de turismo naquela região, principalmente próximo à Somália, mas aqui? Na costa brasileira?

Ninguém nem viu de onde a traineira surgiu, todo mundo estava bebendo e dançando no convés, despreocupados, até que zuniu o primeiro tiro. Um tiro de advertência, para o alto, mas todos ficamos assustados, foi um tal de gente se jogar no chão, alguns começaram a gritar e chorar (curioso, foi a maioria dos mauricinhos). Outro tiro e todo mundo calou a boca.

Pelo menos eles só queriam os bens, dinheiro, joias e o iate, nem pensaram em levar as mulheres, aí a situação seria mais grave. Não que colocar 15 pessoas num bote salva-vidas seja um luxo.

O problema é agora, olhar o horizonte e ver aquela tempestade ao longe, se ela vier para cá, não sei, talvez fosse melhor eles terem nos matado e jogado ao mar. Seria menos doloroso. Esse bote não suportará uma tempestade e vai afundar, morrer agonizando dentro da água parece um panorama muito mais desagradável.

Vou torcer para essas nuvens não virem para cá e para que esse pessoal não perceba a minha preocupação, parece que, além do capitão, só eu tenho espírito prático aqui, só nós conseguimos mantê-los calmos, qualquer deslize nosso e isso aqui vira um caos e qualquer chance nossa de sobrevivência acaba.

…”

(Devaneios sobre uma foto feita por Cameron Brooks)

domingo, 14 de outubro de 2012

De heróis, deuses e mortais

Sempre gostei de histórias mitológicas, mas nunca tanto a ponto de comprar um livro a respeito, acabei comprando esse livro principalmente pelo preço, hehe, era uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o assunto e a leitura seria rápida (são só 64 páginas).


E o livro cumpriu o que prometeu, com narrativas rápidas e diretas, sem romancear as histórias, ele mostra (tentando respeitar uma ordem cronológica) desde a criação dos Titãs até a Guerra de Troia. Reunindo as origens dos deuses olímpicos, as aventuras de Héracles e outros heróis e semideuses, com uma ou outra curiosidade que, nas narrativas voltadas para o público infanto-juvenil, é atenuada.

De fato, a criatividade dos gregos e romanos para criar entidades que representassem fenômenos da natureza sempre foi prodigiosa. Isso é bem observado nessas poucas páginas, que lista, além de deuses, ninfas, nereidas, górgonas e outros seres fantásticos, os quais nos fazem dar asas à imaginação.

Um bom passatempo para uma tarde de domingo.

De reflexões no espaço

“…

Foi para isso que ele viveu. Toda a sua vida ele sempre quis ser um piloto espacial e agora que era um, não tinha certeza se realmente era talhado para aquilo.

Apesar de toda a sensação indescritível e inigualável de poder voar no espaço aberto, sentir apenas os reflexos das estrelas nas partes metálicas da nave, o silêncio naquela imensidão toda, ele não sabia se estava no lugar certo.

Provavelmente aqueles filmes e livros contando a história de seus antepassados, quando o Espaço era desconhecido e existiam perigos e guerras contra seres de outros planetas tivessem influenciado demais sua imaginação. Talvez ele esperasse que quando chegasse a ser um piloto Classe Especial alguma guerra estivesse em curso e ele se esforçaria para ser um destemido herói, salvando pilotos colegas em situações de real perigo, ou uma base avançada que corresse risco de invasão, algo do gênero.

Mas, o tempo passou e ele envelheceu devagar, de garotinho até adulto em condições de assumir o comando de um caça espacial passaram-se 200 inconts, e muita coisa mudou no universo desde então. Hoje os diplomatas são importantes, negociando a paz e levando toda a glória. Poucos ainda resistem à paz e eles sabem que agora os tratados que fizemos nos garantem uma imensa defesa, por isso eles ficam acuados em seus sistemas estelares, observando e planejando. Mas dificilmente sairão de lá, seria morte certa, as alianças garantem uma maioria esmagadora para essa nova confederação.

Ele queria continuar seus pensamentos, mas ainda assim ele possuía uma missão, tinha que patrulhar aquele satélite e, o que ele não sabia, era que algo o aguardava lá, sedento de sangue, pulsando ira, a sua espera.

…”

(Devaneios sobre uma foto aérea do amanhecer no Havaí)

sábado, 13 de outubro de 2012

De investigações e crimes em Londres

Confesso que pensei duas ou três vezes antes de comprar a primeira temporada de Sherlock, série da rede de televisão BBC. Afinal, essa série da tv londrina não passa em nenhum canal de assinatura que exista no meu pacote, e olha que o meu pacote é bem generoso quanto a canais que passam séries.


Mas a série havia sido bem comentada no Twitter por uma pessoa que eu sigo por lá. Outro fator que contou a favor foi a série, também da BBC, Doctor Who, que eu havia comprado a primeira temporada alguns meses antes e gostei. Série bem feita e de uma qualidade igual ou superior às séries americanas.

A série me surpreendeu positivamente, ela é baseada no personagem de Sir Arthur Conan Doyle, mas não se prende às histórias do famoso detetive. A personalidade dos personagens Sherlock Holmes e Doutor Watson está intacta, com uma ou outra adaptação. Temos o violino, o poder de dedução e visão aguda de Sherlock, a credulidade de Watson, enfim, os dois personagens estão bastante fieis.

Mas o cenário e os crimes são atuais, contrabando de antiguidades arqueológicas, assassinatos por prazer e manipulação, num jogo onde somos apresentados ao grande antagonista do herói. Sim, o Professor Moriarty está presente desde o primeiro episódio, mas quase sempre na forma de sombra, manipulando os cordões de suas marionetes, sem entrar em evidência. E quando ele aparece, está caracterizado de forma impecável, arrogante, inteligente, um verdadeiro adversário para a inteligência de Sherlock, é aquele personagem que conquista pela empatia e aterroriza pela insanidade, que estão presentes e em equilíbrio no personagem.

Uma série que vale a pena ver várias e várias vezes.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

De facas, espectros e aventura

Logo de cara a sequência da trilogia As Fronteiras do Universo começa quebrando o ritmo, mostrando na prática uma teoria que era abordada no primeiro livro (A Bússola de Ouro), Universos Múltiplos.

Mundos paralelos existindo no mesmo espaço, sabe-se lá que tipo de barreira os separando. E esses mundos são, ao mesmo tempo, muito parecidos e totalmente diferentes.

Parecidos pela ocupação humana, por existir uma busca por um determinado elemento que influencia tudo e até pouco tempo era desconhecido e por sempre ter uma instituição que manipula todas as informações. Diferentes no desenvolvimento tecnológico e social.


Personagens surgem, personagens morrem, a ação começa e vai gerando páginas de adrenalina, suspense e, em alguns casos, alívio e humor, mas nota-se que algo maior está tomando forma, uma roda invisível está começando a rodar e fazendo todos os peões se movimentarem no intrincado tabuleiro que se forma nessa colcha de retalhos de mundos. E no meio de tudo isso estão uma menina e um menino que se uniram pelo acaso do destino e tem sua sina unida graças aos fios invisíveis da aventura.

Os lados estão se definindo, tudo caminha para o desfecho. E assim termina o episódio de A Faca Sutil, no clímax onde quase todas as cartas estão na mesa, os blefes estão acabando e só restará a cartada final, que acontecerá no terceiro livro da trilogia.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

De missão de reconhecimento

“…

Ela olhou novamente para o seu localizador no pulso, não acreditando no que o visor mostrava usou os dedos para dar pequenas batidas, como se isso fizesse destravar o mecanismo e ele mostrasse que a leitura anterior estava errada, bateu de novo e mais uma vez, mas o aparelho teimava em informar que as coordenadas eram aquelas mesmas, que ela estava em seu destino.

Mas como? Aquele lugar não parecia nada com o que ela esperava. A cidade onde ela deveria se materializar era suntuosa, majestosa, com grandes prédios, ruas largas e muito movimentadas. Mas olhando ao redor, tudo o que ela via eram ruínas, árvores e mato crescendo por todos os lugares, paredes desgastadas pelo tempo e totalmente rachadas, quando não um amontoado de concreto no chão.

Devido ao movimento orbital, ela não conseguiria se comunicar com a nave por um período de seis horas, tempo que ela calculava para a nave contornar o planeta, ficando fora do alcance da comunicação, ela tinha que explorar então aquele mundo com cuidado, até poder comunicar os acontecimentos e pedir resgate ou receber novas ordens.

Ficar parada naquele ponto não era uma opção, isso a tornaria um alvo fácil para qualquer coisa que ainda estivesse à espreita por ali. A cidade parecia abandonada e à mercê do tempo, mas as aparências poderiam enganar. Mas, qual o melhor caminho a seguir? Por onde começar a explorar aquelas ruínas e tentar descobrir o que havia acontecido?

Uma coisa era fácil decidir, ela tinha que sair daquele espaço aberto, ali ela não poderia se esconder e sua roupa era colorida demais para não chamar a atenção. Ela precisava andar até alguma rua mais estreita, onde ainda houvesse alguns prédios ou paredes em pé, para ficar na sombra e tentar chamar menos atenção, se é que isso fosse possível, já que ela, aparentemente, era a única coisa viva e se mexendo naquele cemitério de concreto.

Cuidadosamente, pé ante pé, ela começou a caminhar, evitando pisar em pedras soltas ou qualquer coisa que pudesse fazer barulho ou machuca-la, uma torção de tornozelo, por mais leve que fosse, só iria piorar a situação e dificultar ela se defender de forma eficiente.

Ela tinha que ter cuidado também com os galhos das árvores e os cipós que se penduravam neles como se fossem cobras. Aquele lugar, que já fora muito amistoso, agora era uma armadilha potencialmente letal. Ela tinha que tomar cuidado, pois, além de não saber o que havia acontecido, ela estava apenas com uma arma de mão, com uma quantidade mínima de munição e luta corporal não era seu forte.

Olhando a posição das estrelas binárias que equivaliam ao nosso Sol, ela optou por seguir para o que seria o norte na Terra, mas ela não tinha certeza se realmente era. Andando devagar, ela encontrou uma esquina que dava para uma rua pequena, quase um beco, resolveu entrar por ali e ver se achava alguma resposta sobre o evento que praticamente destruíra aquele local.

Se estivesse na Terra, ela diria que ali estava uma Igreja ou um palacete antigo da Europa, gárgulas eram característicos dessas construções, mas ali, definitivamente ali ela não tinha ideia do que era aquele prédio. As paredes eram altas ali, parecia que estava num túnel, ainda mais porque mais a frente ela via um outro prédio com uma porta em forma de arco de um edifício que havia perdido as paredes, a claridade lá era maior, dando a impressão que era a abertura do túnel.

Enquanto ela andava devagar começou a ouvir um barulho, não dava para dizer de onde vinha, mas definitivamente era um barulho, ela olhou ao redor, procurando um lugar seguro para tentar se esconder. Achou uma reentrância, se espremeu ali, nervosamente procurou o cabo da arma, que ficou segurando junto ao corpo, olhando para todos os lados, tentando descobrir de onde vinha o barulho. A tensão começava a aumentar, gotas de suor começavam a se formar em sua testa, ela sentia a mão que segurava a arma tremer, sua respiração era rápida e curta.

De repente um barulho mais agudo surgiu de seu punho, era o comunicador da nave, eles já haviam contornado o planeta o suficiente para que o sinal de comunicação a alcançasse. Nervosamente e aos sussurros ela pediu resgate. Quando começaram a surgir sombras dos dois lados daquela ruela, finalmente a nave estava próxima o suficiente para tira-la de lá, e ela, num misto de alívio e tensão agradeceu sua sorte. Ela foi embora sem saber o que iria encontrar, mas faria o relatório da melhor forma possível.

…”

(Devaneios sobre uma foto feita por Daniel Dorci)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

De velha história repaginada

Nem me lembro bem quando foi, com certeza era década de 1980, a DC Comics estava havia pouco tempo de casa nova aqui no Brasil, a Editora Abril.

Havia pouco tempo essa editora havia começado a publicar uma linha de Histórias em Quadrinhos num formato que fazia sucesso nos EUA, as graphic novels. Elas eram uma edição especial de um determinado personagem, fosse ele conhecido ou não, tendo mais de 100 páginas impressas em papel especial.

Sempre eram histórias especiais, ou contando a origem do personagem (se ele fosse conhecido), ou uma passagem específica de sua cronologia, ou uma história nova e meio revolucionária (no caso de personagens pouco conhecidos).

Eu sei que havia comprado essa revista em especial, afinal a premissa era interessante, mas não me lembro quantas Graphics haviam sido publicadas antes, nem quantas páginas ela possuía.

Batman confrontava e depois se unia a um de seus maiores adversários, Ra’s Al Ghul (o Cabeça de Demônio), um dos homens mais inteligentes a cruzarem o caminho do Homem Morcego.

Também nessa história o herói tem um romance com a filha de seu inimigo, Tália, mas como não podia deixar de ser, tudo foi muito conturbado, porém, ao final da história ficamos sabendo que dessa ligação surge um filho (daí o título) e que a proposta inicial era que toda essa história se passaria numa realidade alternativa (a editora tem um grande histórico de realidades alternativas, motivo pelo qual foram criadas tantas Crises em seu Universo). Tempos depois, muitas reviravoltas editoriais, algumas Crises, essa história acabou sendo incorporada à cronologia oficial do herói de Gotham City e seu filho surge como um personagem letal, mas essa é outra história e eu não vou aborda-la mais do que isso.

O fato é que depois de um intervalo de quase 30 anos, a história está sendo lançada novamente no país, pela Editora Panini, em uma edição especialíssima, com capa dura, além de ter papel e tintas de extrema qualidade, dando um charme a mais para uma História já imortalizada na mitologia do Morcego. Com brinde uma introdução escrita por Mark Hamill (o Luke Skywalker de Guerra Nas Estrelas) e uma biografia resumida de Argumentista e Desenhista da obra.

Voltei à minha adolescência e estou com um sorriso no rosto que faria inveja ao Coringa.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

De últimas aquisições

Nestas últimas semanas eu fiz muitas compras, mas não foi surto consumista… tá, até que foi um pouco sim. Mas apesar disso não vou me enforcar financeiramente por isso, é que quando há um pouco de planejamento, chega uma hora que o dinheiro sobra para as extravagâncias.

Além disso, eu tenho um faro apurado para descontos e promoções, 30, 40 e, muitas vezes, 50% de descontos nas compras, essas coisas. Pensando bem, talvez o meu gosto seja um pouco diferente do geral, então eu acabo achando o que quero mais em conta, por não ter uma procura tão grande. Aulinha básica de economia, Lei da Oferta e da Procura, quanto menos pessoas estão dispostas a comprar determinado produto, este sobra no mercado e a oferta acaba diminuindo o seu valor.

Vamos à lista (incompleta) de compras:

Livros:

A Bússola de Ouro
A Faca Sutil
A Luneta Ambar

Band Of Brothers

Fahrenheit 451

Marley e Eu

1984

A revolução dos Bichos

Jogos Vorazes
Em Chamas
A Esperança


Faltam sete livros chegarem (eu não atualizarei o post)

DVDs:

Fantasia (duplo)

Batman Begins

Batman O Cavaleiro das Trevas

Carros 2

Procurando Nemo

Lillo e Stitch

Ratatouille

A Paixão de Cristo

Minha Amada Imortal

Primeira temporada de Sherlock Holmes (da BBC)

Primeira temporada de Torchwood (da BBC)


CDs:

Guarabyra – Lembranças do Futuro

Alceu Valença – Ao Vivo do Marco Zero

Joe Sartriani – Super Colossal

Lynyrd Skynyrd – Nuthin’ Fancy


Faltam chegar dois CDs importados dos EUA (eu não atualizarei o post).

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

De magia, ursos e pó

Imagine um mundo onde a magia e a tecnologia se misturam e são regidas pela Igreja. Não a Igreja que conhecemos, com Papa e Cardeais, mas uma Igreja com colegiados, onde padres e leigos dominam os estudos científicos e postulam os dogmas.

Imagine também um mundo onde essa tecnologia é diferente, não há eletricidade, pelo menos não da forma convencional que conhecemos, os meios de transportes são diferentes, não há aviões, os céus são dominados por balões, zepelins e, no extremo norte, bruxas.

Imagine um mundo onde os ursos falam, têm polegares opositores (coisa que só os humanos possuem), se vestem com armaduras e tem um rígido código moral.

Imagine um mundo onde parte da alma é visível e assume a forma de um animal, quase sempre, do sexo oposto ao ser humano ao qual está unido. Um animal sapiente, que compartilha impressões, emoções, medos e memórias.


Tudo isso você mistura e terá em mãos o primeiro volume da série As Fronteiras do Universo, chamado de A Bússola de Ouro, onde Lira, uma garotinha que tem por volta de 11 anos, é tirada do conforto da Universidade Jordan, em Oxford, e colocada num turbilhão de aventuras envolvendo todos os ingredientes acima. Ela passa apuros, tem momentos de heroísmo, aprende o sentimento de perda e mostra uma fibra que poucos personagens de sua faixa etária apresentam.

Uma história onde aparências enganam e somente a coragem e a criatividade podem salvar a protagonista de suas armadilhas.