“…
Ele se lembrava da infância, quando vibrava na frente da televisão vendo aqueles filmes de guerra, primeiro clássicos da 2ª Guerra Mundial, ver os nazistas e os japoneses serem vencidos era muito inspirador, depois foi o drama do Vietnam, ver o sofrimento naquelas selvas escaldantes, os franco-atiradores, o desafio parecia hercúleo.
As brincadeiras com os colegas de escola e da rua de casa, soldados em luta imaginária contra um inimigo invisível, afinal ninguém queria ser o bandido, estratégias, objetivos, até parecia ser verdade.
Mas o tempo foi passando, as aventuras mudaram, os interesses evoluíram, até que chegou uma encruzilhada. Agora, não era mais brincadeira, agora qualquer descuido seria o último, era real. Estar ali, usando aquela farda não era imposto, foi opção. Ele havia se alistado, não convocado.
O que ele não esperava era que a situação complicasse do outro lado do mundo, que entre os listados para ‘pacificar’ aquela rebelião estaria ele. Ele estava preparado para o combate, não era essa a preocupação, o que ele não queria era morrer longe de casa, não poder mais ver seus pais, sua família. Poder ficar contrariado quando tentavam mima-lo como quando era criança, mesmo intimamente gostado.
Agora não era brincadeira, não só a vida dele, mas de seus companheiros de armas estavam nas mãos dele. Um deslize e tudo acabaria. A atenção tinha que ser total.
…”
(Devaneios sobre uma foto do treinamento dos Mariners Americanos)
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