domingo, 28 de outubro de 2012

De brincadeira real

“…

Ele se lembrava da infância, quando vibrava na frente da televisão vendo aqueles filmes de guerra, primeiro clássicos da 2ª Guerra Mundial, ver os nazistas e os japoneses serem vencidos era muito inspirador, depois foi o drama do Vietnam, ver o sofrimento naquelas selvas escaldantes, os franco-atiradores, o desafio parecia hercúleo.

As brincadeiras com os colegas de escola e da rua de casa, soldados em luta imaginária contra um inimigo invisível, afinal ninguém queria ser o bandido, estratégias, objetivos, até parecia ser verdade.

Mas o tempo foi passando, as aventuras mudaram, os interesses evoluíram, até que chegou uma encruzilhada. Agora, não era mais brincadeira, agora qualquer descuido seria o último, era real. Estar ali, usando aquela farda não era imposto, foi opção. Ele havia se alistado, não convocado.

O que ele não esperava era que a situação complicasse do outro lado do mundo, que entre os listados para ‘pacificar’ aquela rebelião estaria ele. Ele estava preparado para o combate, não era essa a preocupação, o que ele não queria era morrer longe de casa, não poder mais ver seus pais, sua família. Poder ficar contrariado quando tentavam mima-lo como quando era criança, mesmo intimamente gostado.

Agora não era brincadeira, não só a vida dele, mas de seus companheiros de armas estavam nas mãos dele. Um deslize e tudo acabaria. A atenção tinha que ser total.

…”

(Devaneios sobre uma foto do treinamento dos Mariners Americanos)

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