“…
Foi para isso que ele viveu. Toda a sua vida ele sempre quis ser um piloto espacial e agora que era um, não tinha certeza se realmente era talhado para aquilo.
Apesar de toda a sensação indescritível e inigualável de poder voar no espaço aberto, sentir apenas os reflexos das estrelas nas partes metálicas da nave, o silêncio naquela imensidão toda, ele não sabia se estava no lugar certo.
Provavelmente aqueles filmes e livros contando a história de seus antepassados, quando o Espaço era desconhecido e existiam perigos e guerras contra seres de outros planetas tivessem influenciado demais sua imaginação. Talvez ele esperasse que quando chegasse a ser um piloto Classe Especial alguma guerra estivesse em curso e ele se esforçaria para ser um destemido herói, salvando pilotos colegas em situações de real perigo, ou uma base avançada que corresse risco de invasão, algo do gênero.
Mas, o tempo passou e ele envelheceu devagar, de garotinho até adulto em condições de assumir o comando de um caça espacial passaram-se 200 inconts, e muita coisa mudou no universo desde então. Hoje os diplomatas são importantes, negociando a paz e levando toda a glória. Poucos ainda resistem à paz e eles sabem que agora os tratados que fizemos nos garantem uma imensa defesa, por isso eles ficam acuados em seus sistemas estelares, observando e planejando. Mas dificilmente sairão de lá, seria morte certa, as alianças garantem uma maioria esmagadora para essa nova confederação.
Ele queria continuar seus pensamentos, mas ainda assim ele possuía uma missão, tinha que patrulhar aquele satélite e, o que ele não sabia, era que algo o aguardava lá, sedento de sangue, pulsando ira, a sua espera.
…”
(Devaneios sobre uma foto aérea do amanhecer no Havaí)
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